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quinta-feira, 26 de maio de 2011

OS CAUSOS DE ARUPEMBA AGORA NO GEOTRILHAS/RN

Lázaro e Arupemba (prof. Geraldo Bernardo) durante apresentação no Forum Internacional de Educação Tecnológica em Brasília

O professor e cordelista Geraldo Bernardo - o nosso querido Arupemba - lança o cordel intitulado Esperança, que faz uma homenagem a cidade paraibana de mesmo nome. A partir desta edição, o GEOTRILHAS/RN publicará regularmente os cordéis do professor Geraldo Bernardo, em mais uma ação de valorização da nossa rica cultura nordestina.  

ESPERANÇA!
Por Geraldo Bernardo

            Ter esperança é muito bom. Esperar que venha dias melhores, que as coisas se ajeitem da melhor maneira. Sempre querendo mais, sonhando com o impossível, planejando as possibilidades, realizando o possível. E, como diz o poeta: “amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada.” Ter sempre esperança que um dia a humanidade evolua mais em sentimentos que em produção de armamentos. É assim que devemos viver, o resto é bobagem. Viver tendo sempre esperança.

            Esperança, prima caçula. Bonitinha, naquele vestido de chita, toda arrebitada, nos quinze “incompleto”.  E ele com quase treze, vez enquanto tava por perto da Esperança tão esperada. Esperança que nos ensaios de quadrilha de São João, dançaria com Esperança, com ela fazendo par. Quando, sem jeito, olha nos olhos dela derrete-se naqueles azuis, feito mel se espalhando no fubá. 

Mas, nem bem terminou maio, Esperança improvisou um desmaio e caiu nos braços dele. Também não contou conversa, tampouco pensou mais que alguns segundos e pegou no peito dela. Pra quê? Esperança mais que depressa, sapecou-lhe entre os olhos os cinco mandamentos. Parou o camaleão, atrapalhou o “anarriê” e no meio do “alavantú” trocou de par, deixando-o para sempre a sonhar com aquele toque pontudo.

Esperança que morreu, que nem era mãe mas tinha idade de ser avó. Foi uma Esperança moça velha, sempre fora solteira, nunca esteve em bandalheira, sabia pilar no pilão. A filha dos “Andrade” que, numa noite de São João, foi beijada “meia boca” pelo seu primo Afrânio. Ficou toda encabulada, cresceu-lhe uma palpitação. Nunca perdeu a esperança de beijar Afrânio por inteiro, sentir como era seu fogo. Mas, o tempo foi ingrato e Afrânio nunca mais beijou Esperança que ficou encalhada por trás de forno e fogão, lata d’água na cabeça e lençol de lado, nas capoeiras, na cata de algodão.

Esperança cidade da Parahyba. Suave, de clima muito agradável, que nos enche de esperança. Esperança renovada no projeto de construir novas realidades, realizar nossas utopias, reconstruir o discurso, aprender com a diversidade. 

Esperança é múltipla. A cidade convive com o contemporâneo das parafernálias eletrônicas e a feira livre do século passado. Esperança onde se acha o poeta Benedito, fazendo rimas, vendendo fogão, fazendo rezas e lendo mão. De gente que mantém tradição, muito de índio “nas feição”, misturado com o que há de tudo, todo tipo de gente. Tem gente com traço cigano e... cada loira! ...tem também caucasiano.

A esperança é bem diversa. Aparece em meio a qualquer conversa, é um sonho material, uma casinha com grande quintal. É uma confissão, pra quem é confiança. Esperança é coletiva e individual. Tão diversa como este texto. Que tenho esperança que você tenha lido até o final. 

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