Geraldo Bernardo
João Pé de Quenga, numa cana que tomou,
quase que perdeu a vida,
se envolveu numa briga
com uma rapariga e foi parar no xilindró.
Se o doutor ouvir ele contar
a história vai sentir muita dó.
Eu mesmo lhe perguntei:
- João como foi o acontecido?
Ele me respondeu:
- “Homem se tu soubesse como tenho sofrido,
cada vez que me “alembro” do ocorrido.
Ficou na delegacia apontado,
que o tal o trololó se deu
por uma tentativa de agressão
ao fiofó, no caso o meu.
Isso me deixa muito envergonhado
mas, da forma como aconteceu
eu gosto de esclarecer,
pros cabras num ficar me mangando
e de toda a verdade saber.
Oi! No dia de meu pagamento,
resolvi tomar umas e outras,
namorar umas cabôca
e fazer a ronda dos cabaré,
o cumpade sabe como é que é,
o cabra já tando bêbo,
dinheiro parece que tem a grané.
Lá pras tantas da madrugada,
uma mulher daquelas bem rapariguda
me chamou atenção,
pensei: se essa mulher fosse um carro.
Eita! Porta-mala grandão.
A peste parece que leu os pensamentos meus,
se encostou no meu côipo
e foi dizendo com os óios de mardição,
‘se tu fosse motorista,
tinha coragem de dirigir esse carrão?
Olhe só, vou lhe mostrar como
se passa a marcha e apruma na direção’.
Ôxe! Fiquei todo assanhado
e sem demorar muito tempo
já tava nós dois pelados.
Foi quando ela com todo aquele
seu caqueado, disse no meu pé de orelha:
‘já que você meu bem acertou a primeira,
a segunda e a terceira,
vamos agora tentar uma quarta engatada?’
Eu de besta ainda perguntei:
E é bom esse negócio?
Ela respondeu ‘melhor não há,
deixe comigo que eu lhe abro a estrada’.
Menino eu pensando que ia ser bom,
já fiquei todo animado.
Mas quando ela começou
a passar a mão onde não devia.
É que eu descobri o que ela queria,
dei-lhe uma tapa no tronco da orelha
que ela passou ” pro riba da perna”,
a bicha era ligeira,
agarrou pela pernas uma cadeira
e flechou em “riba de mim”.
Agarrei de mão de meu cinturão
e dei só no espinhaço,
pra ela aprender a num mexer
em bunda de cabra macho.
A quenga correu nua em busca do salão,
nisso apareceu dois homão.
Os braços! Olha a grossura!
Quando pressenti foi um murro
na boca do estômago e outro no pau venta.
Murro daquele nenhum cristão agüenta,
meu juízo parecia badalo de sino,
dentro do quengo tinindo,
as tripas, os bofes, tudo dentro de mim doía,
procurei respirar e o “fôigo” num saía.
O resto só me “alembro” de tá na delegacia,
só de cueca com a cara toda inchada
e a honra maculada.”
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