Localizado a uma distância de 246 Km de Natal/RN e a 120 Km da capital
paraibana, o município de Fagundes/PB compõe a Região Metropolitana de Campina
Grande e situado na Mersorregião do Agreste Paraibano, em pleno Planalto da
Borborema.
Segundo Irineu Joffily a história de Fagundes começa antes da história
de Campina Grande. Esse historiador afirma que quando Teodósio de Oliveira
Ledo, aldeou na grande campina, e os padres da Companhia de Jesus já se haviam
retirado da Serra do Bodopitá lugar onde se localiza a cidade de Fagundes. A
Companhia de Jesus tentara em vão catequizar os índios Cariris que ali viviam e
se alimentavam da caça e ensiná-los a prática da agricultura, mas sem muito
sucesso.
Com o abandono da aldeia pelos jesuítas, Teodósio requereu ao governo
da Capitania, em 1702, terras devolutas na parte mais fértil da Serra do
Bodopitá, onde hoje se localiza a cidade.
A sesmarias foi concedida a Teodósio de Oliveira Ledo, com seu
comprimento reduzido para três léguas, segundo a Carta Régia de 7 de dezembro
de 1698; a redução foi para evitar o abuso das doações extensas sem
aproveitamento pelos sesmeiros.
Conforme pesquisas o nome Fagundes, provém de origem portuguesa, a quem
conteste essa versão, mas o certo é que esse nome começa a aparecer antes de
1740, pois nesse ano, em requerimento de sesmarias, fez a ele referência o
peticionário. Daí por diante vem sempre com a designação de Brejo de Fagundes,
que antes se chamava Brejo de Canas Bravas.
Na segunda metade do século XIX, Fagundes esteve em evidência na vida
da Paraíba e no Brasil, sendo foco de dois movimentos populares considerados
subversivos, ambos em revolta a medidas decretadas pelo Governo Imperial do
Brasil: “Ronco da Abelha” (1852) e “Quebra – Quilos” (1874). E nos anos 80, do
século XX, houve outro levante popular que ficou conhecido como Revolta do “Quebra-Canos”.
O turismo da região possui como principal ponto turístico a Pedra de
Santo Antônio, que recebe anualmente vários turistas atraídos no mês de junho
pelo turismo religioso, onde renovam sua fé no santo.
GEOTRILHAS/RN EM FAGUNDES/PB
1º Dia
A visita ao município de Fagundes/PB ocorreu nos dias 28 e 29 de julho,
contando com a participação de 14 geotrilheiros atraídos pelos desafios da
serra do Bodopitá. Após partirmos de Natal/RN nas primeiras horas da manhã do
dia 28 de julho, o grupo chegou a Fagundes por volta das 10h:30. Logo no acesso
ao município, antes mesmo de chegar nas proximidades de Galante/PB, notamos
como era bela paisagem que compunha as formações rochosas da serra do Bodopitá
que viriam a ser exploradas por nós, sendo o maior objetivo de nossa visita.
Ao chegarmos em Fagundes, o clima ameno nos dava as boas vindas ao
pequeno município, que atrai várias pessoas motivadas pela fé em Santo Antônio,
sendo a justificativa de ser considerada a cidade da fé, conforme a placa
indicativa na entrada da cidade.
Guia Aramy Fablício |
Seguimos com destino a zona rural e após pedir algumas informações aos
populares locais, chegamos a Caverna Bar para conhecer uma das maiores figuras
que encontramos durante todo este tempo de projeto Geotrilhas/RN. Everaldo
Fablício, ou simplimente Aramy como é conhecido na região pelo seu ativismo
envolvendo as causas ambientais no município e na Paraíba. O que redeu-lhe
reconhecimento de algumas entidades envolvidas com o Meio Ambiente, além do
apresentador Rasmussen, que quando sempre vem gravar na região, tem Aramy como
guia oficial. Com todas essas credenciais, não haveria ninguém mais qualificado
para fazer a condução do nosso grupo nos dois dias de atividades em Fagundes.
Após as devidas apresentações, o grupo montou acampamento dentro do
sítio do Caverna Bar. As barracas do Geotrilhas/RN se misturaram entre as
fruteiras do terreno, e a um belo jipe da II Guerra Mundial, de propriedade do
Aramy. Terminada a montagem do acampamento, foi servido o almoço pela equipe
que auxiliava o nosso anfitriaão, tendo como pratos do dia, a traira e a
galinha de capoeira, mas o que chamou bastante atenção dos geotrilheiros, foi
sem dúvida o exótico suco de manga verde servido, que recebeu a aprovação do
grupo.
Início da trilha |
Ao término do almoço, o grupo partiu para a primeira trilha do final de
semana, com destino a Pedra de Santo Antônio. Seguimos por uma trilha por trás
do Caverna Bar, conhecendo o projeto Saco de Leite não é lixo desenvolvido por
Aramy, que aproveita os sacos descartados do Programa do Leite, para fazer
mudas de árvores típicas da região, sendo utilizadas no reflorestamento das
áreas. Subimos por um imenso paredão de rocha, onde Aramy demostrava todo o seu
conhecimento a respeito da fauna e flora da região.
Trilha |
Seguindo adiante por
pequenas propriedades rurais repletas de fruteiras, chegamos ao açude público
de Fagundes. Um reservatório de água encravado ao lado de uma imensa mata e ao
pé de uma serra, onde as hortas orgânicas chamavam a nossa atenção. Passamos
por uma pequena caverna, até chegarmos a uma propriedade de criação de abelhas
uruçu, em que o grupo conheceu a cultura. Ainda seguido por dentro dos sítios,
conhecemos outro projeto do Aramy denominado de Bica, que aproveita restos de
placas galvanizadas para fabricar placas de proibição de caça, que estão sendo
adotadas pelos proprietários das terras, que estão ajudando na preservação da
fauna local.
Pedra de Santo Antônio |
Após duas horas de caminhada, chegamos a Pedra de Santo Antônio,
onde encontramos no santuário uma bela paisagem estonteante dos municípios
circunvizinhos a Fagundes, e do início do Estado de Pernambuco ao fundo. O
local foi cenário para várias fotografias tiradas pelos geotrilheiros. Porém, a
maior atração do local, ficou por conta da enorme rocha com a fenda no meio (a
Pedra de Santo Antônio), onde a crença popular acredita que passando por três
vezes por dentro dela, a pessoa conseguirá um casamento. Essa tradição atrai
inúmeras pessoas durante os festejos do santo comemorado no mês de junho. Seguimos adiante por cima da serra, onde nos foram relevadas lindas
paisagens da região, nos inúmeros mirantes naturais da serra.
Mirante |
Já ao entardecer,
passando por lugares repletos de bromélias, chegamos ao último mirante próximo
a uma rocha que lembrava uma mão fechada, onde a noite e a lua chegavam
gradativamente, deixando o visual esplêndido. Retornamos ao Caverna Bar por
volta das 18h:30, quando ainda restou tempo para um banho em uma bica natural
“olheiro” antes do jantar.
Com a temperatura caindo, e uma boa conversa, logo o convite para tomar um bom
vinho chegou. Aos cuidados dos companheiros Rejânia e Zilmar, foram servidos
uma boa variedade de vinhos acompanhados por petiscos. Ao final da rodada
enóloga, o grupo se recolheu a suas barracas para o descansar e finalizar o
primeiro dia de atividades.
2º Dia
2º Dia
Com a saída dos primeiros raios do dia, os geotrilheiros acordaram para um café
da manhã reforçado no Caverna Bar, para enfrentar a trilha da Pedra do Urubu.
Com o deslocamento feito por um pau-de-arara, chegamos ao outro extremo da zona
rural do município, onde iniciamos a subida da serra. No primeiro momento,
passamos por uma região de brejo com muita lama, que redeu alguns escorregões,
até chegarmos ao pé da serra, iniciando a subida.
Embarque em Pau-de-Arara |
Num percurso repleto de
jaqueiras, foi inevitável uma parada para degustarmos o fruto, antes de encarar
o restante da subida. A medida que subíamos a serra, era possível observarmos o
município de Campina Grande ao fundo, denunciado pelos seus prédios que a cada
dia vem se tornando cada vez mais altos. Chegamos no primeiro estagio do alto
da Pedra do Urubu, onde num local onde se encontrava uma antena de telefonia, o
grupo aproveitou o mirante para algumas fotos e um lanche rápido. A Leste, era
perceptível uma chuva que vinha na nosso direção, obrigando a adiantarmos a
escalada. Com a precipitação pluviométrica já em andamento, de uma hora para
outra um denso nevoeiro tomou conta do alto da serra, deixando a paisagem nunca
antes vista por nós. A nossa frente, um imenso abismo era encoberto pelas
nuvens que cercavam o local.
Nevoeiro tomando conta da serra. |
Foram cerca de 40 minutos até que finalmente a
chuva parou e o nevoeiro revelou a paisagem da região, num lindo quadro
retratando a zona rural de Fagundes. Devido a chuva, o grupo resolveu abortar a
entrada a caverna que atravessa a serra, por causa da rocha esta bastante
molhada, o que poderia ocasionar algum acidente. Iniciamos a descida da serra,
onde saímos em um roçado de milho, de onde partimos em trilha, passando por
vários sítios. Inclusive a propriedade na qual Aramy passou toda a sua
infância, e outros que os próprios moradores foram nos saudar
Vista do alto da Pedra do Urubu. |
Após duas horas
de caminhada, chegamos ao Caverna Bar para o almoço, e logo em realizar o
plantio simbólico de várias mudas de arvores, que serviram para neutralizar a
emissão de carbono ocasionada pelo deslocamento do grupo entre Natal/Fagundes/Natal.
No final, ainda restou tempo para Aramy nos mostrar um procedimento
veterinário, no qual ele iria retirara um imobilização da perna de um carcará,
que havia sido quebrada por algum caçador. Segundo Aramy, a ave não teria mais
condições de voltar ao seu ambiente natural, e que após o termino do
tratamento, será encaminhado para uma entidade ligada a animais em João Pessoa,
que ficará responsável pelo animal.
Carcará em reabilitação |
Finalizamos a visita ao município de Fagundes, nos despedindo do Aramy
e desejando sucesso em sua batalha pelo meio ambiente, além de parabenizá-lo
pelo excelente trabalho como guia. Partimos com destino a Natal por voltas das
16h:00, com uma imensa satisfação pelo ótimo final de semana em Fagundes, e
pelas belezas que nos foram reveladas.
Raio-X
Nível de Dificuldade –Médio
Localização da Trilha – Bom
Disponibilidade de Socorro Médico – Regular
Apoio Logístico - Bom
Recomendações necessárias para trilhar
- Usar roupas leves, confortáveis e fechadas;
- Utilizar bastante protetor solar;
- Levar cantil com bastante água;
- Levar repelente contra insetos;
- Levar capa de chuva;
- Utilizar chapéu ou boné para se proteger do sol;
- Não escrever, desenhar ou danificar as árvores;
- Evita incêndios, apagando cigarros e charutos antes de descartá-los;
- Guadar seu lixo e obedecer às instruções do condutor;
- Levar kit de primeiros socorros.
Onde Ficar
Caverna Bar
Fone: (83) 8868-7218
Onde Comer
Caverna Bar
Fone: (83) 8868-7218
Onde Comer
Caverna Bar
Fone: (83) 8868-7218
Contatos para realização de trilha
Aramy Fablício
Fone: (83) 8868-7218
Apoio
Obrigada pela prestação de serviço ao turismo de Fagundes. Sem dúvidas é um lugar mágico. lindo e encantador.
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