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quinta-feira, 25 de abril de 2013

GEOTRILHEIRO É AGRACIADO COM A MEDALHA MINUSTAH


Militar compõe as forças de paz da ONU no Haiti
O projeto Geotrilhas/RN juntamente com o Grupo Escoteiro do Mar Artífices Náuticos parabenizam o companheiro Thiago Jonatas pela agraciação com a Medalha da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), como forma de reconhecimento, aos militares que completam no mínimo 90 dias contínuos de serviço em missão de paz.
A Medalha MINUSTAH foi criada em 1º de junho de 2004 e sua fita ostenta as cores azul, verde, branco e azul real, com os seguintes significados: o azul celeste das Nações Unidas representa a esperança; o verde representa o desejo de campos férteis e o potencial econômico do Haiti; o branco representa a promessa de paz e prosperidade do mundo para o povo haitiano;  e o azul real nas bordas, simboliza o oceano que circunda a ilha HISPANIOLA.
Na parte da frente da medalha encontra-se cunhado o símbolo das nações unidas e no verso as palavras em inglês “a serviço da paz”.
O companheiro Thiago Jonatas nos enche de orgulho não só pelo seu amor à nossa Pátria, como também pelo seu espírito de companheirismo dentro das atividades do Geotrilhas/RN, assim como de seu trabalho frente ao Grupo Escoteiro do Mar Artífices Náuticos na educação não formal de nossos escoteiros.
Parabéns ao Soldado Jonatas.

terça-feira, 16 de abril de 2013

ANTES DOS CAMINHOS DE SANTIAGO DE COMPOSTELA, CAMINHADA PELAS ALAMEDAS DA UFRN.


Por Zilmar Costa

Depois de mais uma caminhada preparatória (sábado, 12/4) plenamente bem-sucedida, pelas alamedas do campus da UFRN, o grupo de Geotrilheiros definiu a agenda de atividades para a reta final até o dia do embarque para a cidade do Porto (Portugal) onde inicia a expedição internacional do Geotrilhas de 2013. 

Prevista para a primeira quinzena de junho, a expedição consiste em fazer um dos trechos portugueses do “Caminho de Santiago de Compostela” em dez etapas, num total de 220 KM, entre Portugal e Espanha.

Oito geotrilheiros já confirmaram presença na expedição. Restam apenas quatro vagas.
Desde janeiro, o grupo intensifica a preparação com caminhadas para enfrentar a peregrinação histórica, conduzindo nas costas mochilas com 5 a 7 KG (média de 10% do peso de cada integrante).


CIRCUITO DAS GRUTAS DA BAIXA-VERDE – Jandaira/RN



Por Daniel Câmara

No dia 31 de Março de 2013 o Grupo Geotrilhas/RN partiu do Campus Central do IFRN, localizado na Av. Salgado Filho (Natal/RN), às 07:30h com destino final ao Município de Jandaíra/RN.

Fundada em 1963 e localizada a 123 km da capital Potiguar, Jandaíra/RN fica situada na Microrregião da Baixa-Verde (Agreste Potiguar). O seu clima é do tipo semi-árido quente, por isso o risco de desidratação durante a prática é evidente.

Ao chegarmos ao Município de Jandaíra, logo entramos em contato com o responsável pelo grupo Cavernature (Jean Pierre). Ao conversarmos sobre o que iríamos fazer durante todo o dia, ele nos orientou realizar a ação solidária na região antes da prática.

Em se tratando de Domingo de Páscoa realizamos junto com as crianças da comunidade carente, a distribuição de chocolates, alegria e carinho. Nada como visualizar num sorriso a expressão sincera de gratidão.

Tendo esta etapa completada partimos para o ponto inicial. Lá nos foi passado pelo Grupo Cavernature e pelo integrante do Grupo Geotrilhas (Daniel Câmara) informações importantes sobre o que poderíamos encontrar durante o percurso das grutas e cavernas.

Desvendar a cada passo, salões e galerias onde jamais outro homem penetrou, descobrir fantásticas formações minerais e estranhas formas de vida é sem dúvida uma das mais excitantes aventuras que a natureza ainda nos reserva.

Explorar uma caverna é isto; buscar entendê-la enquanto manifestação de inúmeras forças naturais, o que exige acurada observação, tecnologia adequada e senso de equipe.

No caminho da exploração, inúmeros perigos e obstáculos físicos se opõem ao avanço do explorador. O ambiente pode lhe ser hostil pela ausência de luz, pelo frio, pela umidade e o caminhamento dificultado por grandes distâncias e desníveis, por pisos irregulares e escorregadios, por estreitamento e "tetos baixos". Da mesma forma, rios lagos e cachoeiras ou ainda trechos desmoronados, sanfonados e inundações podem não apenas dificultar a penetração, mas até torná-la impossível.

Cuidados em cavernas e dicas importantes.

Para sua segurança e para a preservação das cavernas, são necessários alguns cuidados fundamentais durante a visitação:
  • Fique atento para não pisar em espeleotemas, quebrá-los ou esfumaçá-los com o capacete.
  • Não retire ou quebre nada nas cavernas, tomando cuidado especial com as formações.
  • Não use bebida alcoólica no interior da caverna.
  • Não fume no interior da caverna, pois a fumaça é prejudicial a este delicado ambiente.
  • Respeite a fauna cavernícola, apenas observando-a.
  • Nunca entre em cavernas desacompanhado, procure sempre a ajuda de um guia ou pessoa experiente.
  • Mantenha a caverna limpa. Traga de volta todo o seu lixo (orgânico ou inorgânico), apanhe também o lixo que encontrar pelo caminho e deposite-o nos latões no exterior das cavernas.
  • Conheça as técnicas básicas de navegação, primeiros socorros e alpinismo. As cavernas apresentam obstáculos naturais. Não se arrisque, assim como não exponha pessoas inexperientes e sem preparo físico a situações de risco.
  • Caso você se perca, não entre em pânico. Fique parado e aguarde auxílio. O resgate só será possível se você tiver informado seu roteiro ao guia de plantão, nos postos dos guias (quiosques e casas de guias) através da Ficha de Visitação. No caso de cavernas fora dos centros de visitação avise sempre alguém do local sobre seu destino.
  • Nunca esqueça as pilhas leve sempre a quantidade utilizada pela sua lanterna de reserva para substituição.
  • Mantenha suas mãos livres para facilitar a passagem em lugares difíceis.
  • Leve materiais e equipamentos de primeiros socorros.
Cuidados secundários - Morcegos

Raiva

  • As viagens de eco-turismo estão cada vez mais em alta. Regiões ricas em verde, matas, cachoeiras e cavernas atraem cada vez mais turistas em busca de espaço para praticar esportes radicais.
  • Mas nesse tipo de atividade é preciso tomar cuidado com algumas doenças, principalmente com a raiva, doença transmitida por morcegos, cães e gatos infectados.
  • O responsável pelo Grupo Técnico de Raiva do Ministério da Saúde, Marcelo Wada, ressalta as principais medidas que os turistas devem tomar para evitar a doença.
  • "O cuidado que o viajante deve ter são cuidados gerais. Nunca tocar em um animal desconhecido, encontrado no chão ou alimentar esses animais. Numa caverna, existem cuidados específicos.
  • Nem toda caverna é autorizada a entrada. Mas tem que ter alguns cuidados em não tocar nos morcegos, deixar eles lá bem quietinho no canto deles."
  • Marcelo Wada explica que, caso a pessoa seja mordida por um morcego, a primeira coisa a fazer é lavar a ferida com água e sabão.
  • "A medida para a prevenção, independentemente se é morcego ou outra espécie, é lavar com água e sabão. O sabão mata o vírus, que apresenta uma camada lipídica, gordura.
  • E o sabão quebra a gordura e pode matar o vírus no local do ferimento. Então, a primeira medida é lavar com água e sabão.
  • E correr pro posto de saúde para orientação do profissional – se precisa tomar ou não vacina e soro."
  • O responsável pelo Grupo Técnico de Raiva do Ministério da Saúde, Marcelo Wada, acrescenta que o vírus da Raiva pode ficar incubado por alguns dias e até mesmo anos, sem que se apresente qualquer sintoma.
  • Por isso, é tão importante procurar o posto de saúde mais próximo para receber o diagnóstico correto.

Equipamentos e vestuário individuais.

Em ambientes confinados, alguns equipamentos são indispensáveis para a realização da prática de espeleologia.

  • Macacão (se possuir).
  • Camisa de manga longa.
  • Calça que não atrapalhe a amplitude de movimento.
  • Leve roupas que os mantenham quente, seco e confortável;
  • O calçado deve ser leve, macio e com solado antiderrapante, em boas condições (bota ou tênis).
  • Luvas que não atrapalhem a sensibilidade dos dedos.
  • Capacete de proteção.
  • Lanterna de mão e/ou lanterna de cabeça.

Tendo isto em vista seguimos mais confiantes e preparados para termos os primeiros contatos com as grutas. Lá nos deparamos com inusitadas formações, onde o nível de dificuldade e o desgaste foi reduzido união do grupo. Atividades como descidas e escaladas em mão livre, técnicas de rapel, técnicas de rastejo foram muito importantes para a aquisição do êxito. Durante toda a exploração o fator da desidratação e desgaste foram bastante expressivos. Aconselham-se para este tipo de atividade levar pelo menos 3 litros de água, frutas como laranja e tangirina, rapadura, isotônico, barra de cereal.
O risco de acidente durante a prática é eminente, portanto seguir todas as orientações e respeitar os seus limites e o ambiente em questão, são fundamentais para uma boa prática. Ao todo, foram exploradas dentre grutas e cavernas, 06 no total. São elas pela sequência: Kanyon, Apertar da Hora, Abrigo da Catingueira, Argh, Gruta dos 2 Juazeiros e Gruta da Pedra Voadora. O bom que ao passar por cada caverna/gruta, encontramos belezas, galerias, cores, formações, luminosidades e profundidades distintas.
Em fim, terminamos nossas atividades ao final do dia sem lesões durante toda a prática e com um espírito filtrado por bons momentos e experiências distintas, onde só se podem sentir, ao passar por uma prática como essa.


Raio-X

Nível de Dificuldade – Alto
Localização da Trilha – Bom
Disponibilidade de Socorro Médico – Bom
Apoio Logístico - Bom

Recomendações necessárias para trilhar
- Usar roupas fechadas;
- Utilizar capacete;
- Utilizar bastante protetor solar;
- Levar cantil com bastante água;
- Levar repelente contra insetos;
- Utilizar lanterna;
- Não escrever, desenhar ou danificar as grutas;
- Evita incêndios, apagando cigarros e charutos antes de descartá-los;
- Guadar seu lixo e obedecer às instruções do condutor.

Contatos para realização de trilha
Jan Pierre
Fone: (84) 8781-5383 / 8896-5579


quinta-feira, 4 de abril de 2013

GEOTRILHEIROS PERCORREM 33 KM PELAS RUAS DE NATAL SE PREPARANDO PARA O “CAMINHO DE SANTIAGO”


Por José Zilmar, jornalista

Carregando nas costas uma mochila com volume equivalente a 10% do peso individual, um grupo de oito pessoas, na faixa etária ente 45 e 55 anos, sendo apenas dois homens, planejou para a terceira etapa de preparação do “Caminho de Santiago de Compostela” percorrer 33 KM pelas ruas de Natal.
Na atividade, o grupo submete-se a um treino para fazer uma peregrinação de 220 KM do “Caminho de Santiago”, programada para dez dias no mês de junho de 2013, com etapas que incluem trechos de 25, 29 e até de 38 KM, entre o Porto (Portugal) e Compostela (Espanha).
Antes desta atividade, havia realizado duas etapas preparatórias, uma de Pium/Búzios (22 KM) e a outra na zona rural Macaíba/Ielmo Marinho (15 KM).

Brisas e nuvens

Como combinado, sábado (23), o grupo se concentrou, às 16h, próximo ao Praia Shopping e, meia hora depois, iniciou o percurso pela Via Costeira. Sem se restringir ao mero “bater pé”, a meta era realizar o “footing” em até cinco horas, incluindo pit stops de 20 minutos a cada uma hora.
A largada foi a convidativa orla urbana da cidade, repleta de hotéis de luxo, possuídora de um calçadão com ciclovia e sinalização para deficientes visuais. Nessa etapa, a brisa do entardecer ameniza e anima os primeiros passos do trajeto, contemplando-se o denso azul do mar e do céu, numa composição com esparsas nuvens. E, do outro lado, o verdejante Parque das Dunas.
Ao longo do trecho beira-mar, os mochileiros do Geotrilhas dividem a cena urbana com ciclistas, velocistas e caminhantes, recebendo o incentivo de curiosos. Depois de dois pit stops, em menos três horas, o grupo chega à praia de Areia Preta, isso já ao anoitecer, sob a proteção do Farol de Mãe de Luíza e as luzes da orla repleta de espigões.
Com frutas, barras de cereais e bastante água, suficientes para todo o percurso, o grupo recarrega as forças para o complicado trecho “mais urbano” do trajeto, que se inicia com a subida da íngreme Ladeira do Sol, logo à vista. Sem maiores problemas, supera esse obstáculo e chega à Praça das Flores, em Petrópolis.
Inteiro e ainda esbanjando energia, o grupo avança pela charmosa rua Afonso Pena, enquanto resiste aos sabores e cheiros que exalam dos bistrôs e delicatessens, repletos de comensais. Ao longo da etapa mais movimentada, os mochileiros despertam a atenção de transeuntes e motoristas. A esse público, transparece ser mais um grupo de turistas do que simples moradores locais à deriva pela cidade.

Desce e sobe

 
Mais de três horas depois, o grupo relaxa na agradável Praça Augusto Leite, em Tirol, para em seguida rumar pela complicada Romualdo Galvão, com seu tráfego intenso, suas calçadas irregulares e estreitas, não sendo muito difícil se chocar com a quantidade de lixo jogada no meio da rua.
Com subidas e descidas, o percurso continua ingrato até o local está sendo construído o Arena das Dunas, com ruas semiescuras, buracos e muito carro.
Com quase 20 KM percorridos, o cansaço já é visível no grupo. As conversas animadas do início, dão lugar à meditação, à concentração. A mudez somente é quebrada pelo barulhinho das ruas. Ninguém reclama, mas àquela altura, parte já está exausta, quase atingindo seu limite. Contudo resiste à tentação de chamar os apoiadores de plantão.
Por volta das 22 horas, o grupo adentra pelo túnel ao anel viário do campus da UFRN, depois de margear toda a faixa estreita entre o tapume que encobre a construção do Arena das Dunas e a marginal da BR-101, sob o cheiro forte do monóxido de carbono de ônibus que parecem movido a carvão.
Exausto, refestela-se na bem cuidada grama dos jardins da universidade, observando a formação de densas nuvens que prenuncia um outro “inimigo” a ser vencido, a chuva. Neste ponto, é possível observar um grupo esgotado, porém demonstrando ser capaz de reunir condições físicas e psicológicas para superar o desafio real do “Caminho de Santiago de Compostela”.

Susto, baixas e pedrinhas

Contudo, logo nos primeiros passos no anel viário do campus, naquela que deveria ser uma etapa sossegada, semelhante à da Via costeira, susto! Um dos integrantes tropeça e estatela-se no chão, machucando a mão. O incidente tensionou o final da jornada. Porém, nada grave, a não ser pequenos arranhões na mão da acidentada.
Passado o susto, o grupo segue sem baixas até o início da rótula do anel que dá acesso ao Village dos Mares, sob fortes pingos de chuva intermitentes. Neste ponto, faltando apenas 3 KM para o final da jornada, dois integrantes, exaustos, interrompem o seu “footing” e solicitam apoio motorizado.
Ainda encontrando forças, o restante do grupo segue o “bater penas”, e quase às 23 horas, adentra a avenida Roberto Freire, no mais sacrificante do trecho, por causa de um detalhe: cada pedrinha do calçadão era um incômodo infernal, andar sobre elas era como pisar em uma agulha pontiaguda, pelo seu alto poder penetrante e incômodo em pés já no limite de desgaste.
Aliviando um pouco o desconforto nas estreitas e raras faixas de terra batida, o grupo enfrenta a “via crucis” da Roberta Freire e chega ileso (!) ao ponto de partida. No final da jornada, como bálsamo, um lauto jantar e uma piscina aquecida, numa calorosa acolhida de um casal apoiador. Recompensa justa para coroar uma jornada cansativa e uma experiência necessária aos compostelanos do Geotrilhas. Agora, é aguardar o próximo desafio!

TRILHANDO O ENGENHO CUNHAÚ - Canguaretama/RN



Iniciando os roteiros dos Caminhos da Fé, o projeto Geotrilhas/RN promoveu neste último dia XX de fevereiro em Canguaretama/RN, a Trilha dos Mártires de Cunhaú. A atividade contou com a participação de 16 geotrilheiros mais duas convidadas da Espanha que aproveitaram a que estavam em visita ao estado, para aproveitar a oportunidade de realizar umas das trilhas que marcou a história do Rio Grande do Norte, pelo episódio do Massacre dos Mártires de Cunhaú.

A proposta da trilha foi refazer os passos históricos da tropa de Jacob Rabbib em direção ao Engenho Cunhaú, palco da chacina, porém, com uma nova ótica em que foi possível fazer uma reparação histórica quanto a possível participação dos índios potiguaras no fato. Para isso, contamos mais uma vez com a participação do guia Luiz Katu (professor e líder comunitário do Catu) para nos guiar na atividade.

Segundo o site História do RN na Web, O primeiro engenho construído no Rio Grande do Norte, foi palco de uma das mais trágicas páginas da nossa história. " Este engenho era a menina dos olhos dos holandeses por causa da fertilidade das suas terras" (SOUZA: 1999, p. 40). O ano era 1634, e nesse fatídico dia, sem que ninguém esperasse, pois foram enganados por Jacob Rabbi, o comandante da tropa de tapuias, potiguares e holandeses que ali chegaram com a ordem de matar todos que ali se encontravam. Esse homem indescritível, aportara por aqui para servir de intérprete entre os holandeses e os tapuias. Mas o ocorrido em Cunhaú, demonstrou que ele foi mais que um simples intérprete. 

Diversos historiadores nos relatam que esse engenho foi fundado pelos irmãos Antônio e Matias de Albuquerque, na sesmaria que receberam do seu pai, Jerônimo de Albuquerque. Obedecendo a um pedido de Rabbi para que comparecessem à Igreja para tratar de um certo negócio e prometendo não ferir ninguém, muitas pessoas foram à capelinha, no dia marcado. Mas a intenção de Rabbi era outra. E, quando estavam todos ali reunidos começou a matança iniciada pelos tapuias chefiados por Jererera. Foram de uma crueza e violência sem par. "O oficiante voltou-se para os algozes e lhes disse na língua deles, em que era perito, que se tocassem em sua pessoa ou nos paramentos sagrados seriam castigados. Alguns recuaram outros nem o escutaram e os abateram". (GALVÃO : 1979, p.86). "Depois deste massacre, nunca mais os holandeses tiveram paz em Cunhaú, sucessivos atos de vingança foram realizados àquele engenho pelos portugueses"( CASCUDO: 1992, p. 35).
A chacina desse engenho promoveu uma tomada de consciência, por parte da população portuguesa, fazendo-a empenhar-se , com redobrado vigor, à tarefa de combater e expulsar os dominadores flamengos.

A trilha teve início na Comunidade do Catu, em que Luiz iniciou a atividade dando as boas vindas e colocando o ponto de vista de como seria a trilha. Neste momento, o guia falou sobre o massacre, em que segundo ele, os índios potiguaras são apontados como co-responsáveis da matança juntamente com a tropa batava de Jacobb Rabib. Porém, os índios que apoiaram o ataque são da etnia Tapuias e não Potiguaras. Mas devido à falta de esclarecimento, os habitantes do Catu, ainda nos dias atuais, carregam consigo a fama dos seus ancestrais de terem participado do massacre. 

Desta forma, após um breve alongamento no cruzeiro do Catu, seguimos para conhecer a comunidade. O percurso da trilha contemplou áreas destinadas a agricultura, em que nos chamou a atenção a grande participação de mulheres na “linda” das lavouras de batatas e hortaliças. Fato este atribuído a própria cultura indígena em que as mulheres são responsáveis pelo cultivo dos alimentos. Seguimos adiante por uma área de mata até iniciar o trecho das grandes lavouras de cana-de-açúcar, de propriedade de uma usina da região que aos poucos avança nas terras do Catu. Logo depois, chegamos a uma área de concentração de alguns sítios repletos de mangueiras e oliveiras, até atravessarmos o rio Catu para novamente chegar em área de cultivo de cana-de-açúcar. Detalhe: Neste momento, Luiz nos conta a respeito de um acontecimento que gerou grande revolta na comunidade, em que os proprietários destas terras não respeitaram os habitantes do Catu, de modo que, plantaram a cana-de-açúcar por cima do cemitério indígena localizado naquele local. Luiz nos informou que neste ponto havia um grande cruzeiro para identificar as covas, mas que não foi o suficiente para conter o avanço da máquina capitalista no arar da terra para o cultivo da lavoura.       

Tomamos o rumo pela estrada principal da comunidade, onde éramos saudados por alguns habitantes que gentilmente nos acolheram em suas residências para nos servir de água para matar a nossa sede. 

Retornamos ao ponto de partida, onde realizamos a nossa atividade social, com a doação de
vários pacotes de leite em pó para as crianças da comunidade.  Em seguida, embarcamos com destino ao Engenho Cunhaú para conhecer o local do massacre. Ao chegamos na entrada do acesso a Fazenda Cunhaú, encontramos o santuário dos mártires, que é destinada a acolher os visitantes. Logo na entrada, algumas esculturas que remontam ao acontecimento, e que segundo Luiz Katu, gerou revolta por parte da comunidade, de modo que uma das principais fazem alusão a um mártires sendo morto pelas contas por um índio portando um machado.No interior da capela do santuário encontramos um enorme salão com poucas cadeiras e o altar ao fundo envolto por imagens e cartazes em alusão aos mártires. Ao sairmos do santuário, encontramos com o novo pároco do lugar, o Padre Neto, que demonstrou interesse em incentivar a atividade turística visando a exploração do tema Mártires de Cunhaú. Segundo o padre, é uma ótima oportunidade de promover a imagem dos padroeiros do Rio Grande do Norte no cenário do Turismo Religioso no Brasil. O padre demonstrou interesse de montar parceria com os seguimentos acadêmicos, comunitários e do ramo empresário do turismo para fomentar o roteiro dos Mártires de Cunhaú. O principal avanço seria a aproximação com a comunidade Catu para promover a reparação histórica do povo indígena Potiguara.

Ao conversamos com o Padre Neto, seguimos para o Engenho Cunhaú, a pouco mais de 2 Km do santuário, onde encontramos a antiga capela de Nossa Senhora das Candeias e as edificações do engenho. A capela ainda conversa quase que totalmente todas as suas características originais. Inclusive as marcas dos disparos dos mosquetes no altar da capela, quando foi iniciado a execução dos fiéis. Existe dentro da capela uma placa que identifica os possíveis fiéis que foram mortos no momento do massacre, como outras que marcam a o momento em que os mártires foram beatificados.No interior das demais edificações do engenho, estão presentes apenas muito entulho e sujeira. Caracterizando assim, um total abandono.Terminada a visita ao engenho, seguimos para Barra de Cunhaú para almoça no Centro de Turista, de onde partimos logo em seguida para Natal. 


Ao analisarmos os fatos, podemos concluir que o local tem grande relevância para a história do Rio Grande do Norte, e que possui elevado grau de potencialidade turística capaz de possibilitar um desenvolvimento econômico na região de Canguaretama, utilizando para isso o segmento do Turismo Religioso para captar fiéis. Do mesmo modo, os turistas adeptos do Ecoturismo podem usufruir da trilha histórica que parte do Catu, passando pela Apa Piquiri-Una, até chegar ao Engenho Cunhaú. Ou seja, Canguaretama possui várias opções para o turista que procura a fé ou simplesmente cutir um dia em meio a natureza no estilo mochileiro. Canguaretama o destino dos Mártires. 

Raio-X

Nível de Dificuldade – Médio
Localização da Trilha – Bom
Disponibilidade de Socorro Médico – bOM
Apoio Logístico - Bom

Recomendações necessárias para trilhar
- Usar roupas leves, confortáveis e fechadas;
- Utilizar bastante protetor solar;
- Levar cantil com bastante água;
- Levar repelente contra insetos;
- Utilizar chapéu ou boné para se proteger do sol;
- Não escrever, desenhar ou danificar as árvores do Parque;
- Evita incêndios, apagando cigarros e charutos antes de descartá-los;
- Guadar seu lixo e obedecer às instruções do condutor.

Contatos para realização de trilha
Luiz Catu
Fone: (84) 9141-9967