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sábado, 14 de agosto de 2010

TRILHA ECOLÓGICA DA SERRA DO FEITICEIRO - LAJES/RN

Serra do Feiticeiro, um lugar de grande potencial de ecoturismo que ainda é pouco explorado
 
Localizada na Messoregião Central Potiguar, mais exatamente na Microrregião de Angicos, o municípios de Lajes, também conhecido como Lajes do Cabugi, pela forma das pedreiras que davam uma feição característica a superfície do solo, a uma distância de 125 Km da capital potiguar, a uma altura de 199 metros ao nível do mar.

Sua área possui 676,42 km², que equivale a 1,25% da superfície estadual. Já o clima é muito quente e semi-árido, com estação chuvosa atrasando-se para o outono, mas tendo maior incidência de chuvas entre março a abril. A temperatura de Lajes fica entre a máxima de 33,0 °C, e mínima de 21,0ºC. A formação vegetal é composta por Caatinga Hipoxerófila, com a característica de ser uma vegetação de clima semi-árido com incidência de arbustos e árvores com espinhos e de aspectos pouco agressivo. Com destaque para espécie de catigueira, angico, braúna, juazeiro, marmeleiro, mandacaru e aroeira; E de Caatinga Hiperxerófila, de caráter mais seco, com a forte presença de cactácea e plantas de porte mais baixo e espalhadas, representadas pela jurema-preta, mufumbo, faveleiro, xique-xique e facheiro.

Os solos da região da região são de predominância de Solos Litólicos Eutróficos, com fertilidade natural alta, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa, relevo suave ondulado e ondulado, bem a acentuadamente drenados. Seu uso na área na agricultura é praticamente inexistente, cultivando-se apenas algodão arbóreo, feijão, milho e pastagens em pequenas áreas. As limitações ao uso agrícola decorem da falta de água, susceptibilidade a erosão, além de restrições ao emprego de máquina agrícola devido à pequena espessura dos solos, de pedregosidade e rochosidade. E dos Solos Podzólico Vermelho Amarelo com fertilidade natural alta, textura média, relevo plano, moderadamente e imperfeitamente drenado, medianamente drenado. Eles são solos utilizados nas culturas de algodão arbóreo, milho, feijão, sisal, mandioca e alguma de palma forrageira, em pequenas áreas. Em maior extensão é cultivada com pastagem natural para criação extensiva de gado. A principal limitação ao uso agrícola relaciona-se com a falta de água, decorrente do longo período de estiagem e da irregularidade na distribuição das chuvas na região.

O revelo apresenta uma variação de 200 a 400 metros de altitude, estando inserido no Planalto da Borborema, na Depressão Sertaneja. Quanto aos aspectos Geológicos e Geomorfológicos, o município situa-se em terreno de domínio do Embasamento Cristalino, predominantemente Grupo Caicó, de Idade Pré-Cambriana (1.100-2.500 milhões de anos), que é caracterizado por rochas tipo magmatitos, ganaisses, anfibolitos, granitos e xistos. No extremo norte da área do município é caracterizado pelos sedimentos da Bacia Potiguar de Idade Cretácea (aproximadamente 80 milhões de anos), com a Formação Açu, arenitos e Formação Jandaíra (calcários). Geomorfologicamente predominam formas tabulares de relevos, de topo plano, com diferentes ordens de grandeza e de aprofundamento de drenagem, separados geralmente por vales de fundo plano.

Dentre os principais minerais encontrados estão a ambligonita, um metal de grande importância econômica em razão do largo campo de aplicações industriais e aplicações químicas e terapêuticas, a barita utilizada nas industrias da borracha, papel, plásticos, asfalto, cerâmica, vidro, pigmentos e química, e em concreto especiais; calcário empregado como matéria-prima essencial para manufatura de cimento portland, na fabricação de cal, como corretivo de solos, como pedra britada, como fundente em metalurgia, na indústria química e farmacêutica, na complementação de ração animal, como pedras ornamentais, dentre outras; talco  utilizado na indústria cerâmica, abrasivos, papel e papelão, borracha, química, tintas e vernizes, produtos asfálticos, defensivos agrícolas e explosivos, produtos farmacêuticos e veterinários, perfumaria, sabões e velas, têxtil, produtos alimentares, produtos de matérias plásticas e outros usos; e nas gemas como a ametista conhecidas no mercado pelos nomes de topázio-rio-grande, topázio espanhol, topázio citrino, topázio ouro ou falso topázio.

Ainda aparecem alguns outros minerais associados comos rochas ornamentais utilizadas em piso e revestimento; brita e rocha dimensionada utilizada para construção civil; hidrocarbonetos como petróleo e gás, água mineral, utilizada no consumo humano e água hipotermal adequadas para estâncias hidrominerais; calcários cálcicos e magnesianos, utilizados na indústria do cimento, cal, corretivo agrícola e alimentar para animais, gipsita e argilas utilizadas na indústria do cimento e gesso agrícola; mármore; e rochas ornamentais como quartzito e metaconglomerado utilizadas para piso e revestimento; rocha dimensionada utilizada na construção civil.

Quanto aos recurso hidricos no tocante a Hidrogeologia de Lajes, o município esta inserido nos Aqüífero Cristalino, englobando as rochas cristalinas, com água comumente apresentando alto teor salino de 480 a 1.400 mg/1 com restrições para consumo humano e uso agrícola; o Aqüífero Aluvião constituído pelos sedimentos depositados nos leitos e terraços dos rios e riachos de maior porte, sendo  qualidade da água geralmente é boa e pouco explorada; o Aqüífero Açu com uma espessura média de 150 m na área de afloramento;  O arenito Açu com suas as águas em geral de boa qualidade utilizadas para consumo humano, animal, industrial e outros; e o Aqüífero Jandaíra composto dominantemente por calcários, apresentando água geralmente salobra e uma composição química favorável a pequena irrigação.
 
Já quanto a Hidrologia, Lajes possui o rio Ceará-Mirim, e os riachos da Cachoeirinha, Meio, Trapiá, Picos, Pretos, Queiróz, Urubu, Porcos, Juazeiro, Amarante, Arizona, Bonfim, do Arame, Maniçoba, Poço Preto, São Bento, Tanque, Vídeo, Sá. E os açudes Ameixa, Caraúbas, Gavião e Juazeiro. O município ainda conta com obeneficiamento de oferta de água através do Sistema Adutor Sertão Central Cabugi, que tem como objetivo o abastecimento humano e dessedentação animal. Com a captação de água bruta feita na Barragem Eng. Armando Ribeiro Gonçalves em Assú/RN.

A História de Lajes teve sua origem em meados de 1825, de uma fazenda pertencente ao agropecuarista Francisco Pedro de Gomes Melo. Localizada estrategicamente no caminho que ligava a capital ao sertão, o município tornou-se ponto de encontro e descanso de boiadeiros e fazendeiros, que viajavam à procura de negócios ligados a produção de algodão, carne seca, bodes, miunças, além do gado em pé, tangido pelos vaqueiros aboiando vindos  de Açu e Angicos, encontrando mo local um importante ponto de apoio logístico.

Outros fatores que alavancaram o município foram, em primeiro lugar, no ano de 1914 (quando a cidade era conhecida por Jardim de Angicos) com a chegada da estrada de ferro Sampaio Correia impulsiona o progresso e o desenvolvimento local, por meio de instalação de casas de comércio e de pequenas indústrias. Em seguida foi à chegada do Batalhão de Engenharia e Combate que atuou na construção da Rodovia BR – 304. A produção de algodão, que atraiu várias famílias e trabalhadores vindos das outras regiões do estado, além de contribuir para a criação de várias usinas de beneficiamento do produto na cidade. E por último, a exploração mineral da xelita, e outros minerais como ouro e esmeraldas na região da Serra do Feiticeiro. Este local é conhecido pelas suas lendas e mistérios relatados pelos moradores do município.

No ano final dos anos 20, o município de Lajes foi o cenário de um grande fato histórico na política da America Latina: A prefeita Alzira Soriano foi a primeira mulher a administrar um município do Cone-Sul.

Sobre a Serra do Feiticeiro, a origem de seu nome é atribuída ao fato de que na época da colonização portuguesa, um índio xamã Tapuia, que fugia do massacre que dizimava a população indígena no estado, escolheu a cordilheira para habitar. Com seu vasto conhecimento sobre as propriedades medicinais das plantas da região, ele curava os animais dos rebanhos que pertenciam aos colonos da região, além de também curar as pessoas que tinham algum tipo de enfermidade. 

Ainda na serra, um importante episódio da crença religiosa para os moradores de Lajes aconteceu no ano de 1903. Um trágico acidente envolvendo uma criança de cinco anos de idade por nome de José Alexandrino, que auxiliava a sua mãe no pastoramento de seu pequeno rebanho de cabras, se perdeu de sua genitora ao entardece, sendo encontrado seu corpo após três dias de busca pelos moradores da localidade Boa Vista, situada ao pé da serra. O menino foi encontrado morto devido a sede e fome, deitado sob uma pedra localizada num ponto de difícil acesso no alto da serra. Desde então, os moradores da região consideram o local como sagrado, denominado de “Pedra do Anjo”, onde um pouco mais abaixo, os moradores construíram um cruzeiro denominado de “Divina Santa Cruz”, e uma capelinha, local de curas segundo os moradores, onde são encontradas várias demonstrações de graças alcançadas pelos fies, sendo feitas  romarias a cada dia 03 de Maio, pelo fato se ser a data onde a criança foi encontrada.
Ainda sobre a serra, existe uma outra lenda cerca de mistérios o lugar: Relatos dos moradores mais antigos, afirmam que há tempos passados no alto da  Serra do Feiticeiro haviam constantes clarões projetados do alto, atribuídos a existências de discos voadores.  O provável local de pouso de OVINs (objetos voadores não identificados), seria acima do paredão da serra, onde há um espaço aberto entre a mata fechada em forma de círculo, em que seria vestígio do pouso de uma nave.

Nos dias atuais, o município tem nas atividades agro-pastoris, com destaque a caprinocultura leiteira, que veio substituir em parte a criação de bovinos de leite, forte cultura no município até a metade da década de 80. A substituição veio devido ao clima e o solo que favorece à criação dos caprinos, conseguindo assim melhores resultados econômicos.  A agricultura de Lajes também esta passando por uma fase de implementação da apicultura, aproveitando o clima que favorece a prática.

Quanto à questão de renda para os seus moradores, o município não foge a regra dos demais pequenos municípios do interior do Nordeste. Sua maior fonte pagadora vem dos funcionários públicos municipais e estaduais, além dos aposentados e pensionistas, do comércio e por fim, dos programas sociais do Governo Federal. Timidamente, aparecem fontes provenientes da indústria algodoeira, e da extração de granito.

O Ecoturismo vem aparecendo com destaque ultimamente, graças ao esforço em conjunto do Núcleo de Ensino a Distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), da Associação Trilheiros da Caatinga, de do vereador Canindé Rocha. Dentre os pontos mais visitados no município, merecem destaque o Pico do Cabugi, um extinto vulcão, com 590 metros de altura, e cerca de 19 milhões de anos, composto principalmente por rochas basálticas alcalinas intrusivas. O pico esta localizado noParque Ecológico Estadual do Cabugi, município de Angicos, mas que esta melhor situado em questões logisticas, próximo a sede municipal de Lajes. E a Serra do Feiteiceiro com seus 400 metros de altura e um potencial turístico ainda inexplorado, distante 12 Km da sede municipal. O lugar é um grande atrativo para turismo ecológico pela riqueza da fauna e flora, do turismo histórico pela presença dos traços deixados pela mineração no local, dos esportes de aventura como o treeking, e pelo turismo religioso por causa da romaria do cruzeiro da Divina Santa Cruz.

O município ainda possui como atrações turísticas as tradicionais festas da Padroeira Nossa Senhora da Conceição no mês de dezembro, a Caprifeira (Exposição de Caprinos e Ovinos da Região Central do Estado) realizada no mês de agosto, e a Vaquejada de Lajes.

GEOTRILHAS/RN EM LAJES
Chegada na comunidade Boa Vista

 Após onze meses de termos visitado Lajes (a primeira oportunidade escalamos o Pico do Cabugi . Acompanhe em http://www.youtube.com/watch?v=nhgORmZR5lM&feature=fvw), e depois de três oportunidades marcadas, mas que infelizmente não concretizamos a viagem por motivos inexplicáveis, finalmente chegamos ao município na manha fria do dia 31 de julho. Desta vez, apenas cinco geotrilheiros toparam o novo desafio: O de conquistar a serra do Feiticeiro. Mas para isso, necessitávamos de um condutor com uma larga experiência no terreno. Para essa missão, nada melhor do que os nossos companheiros da Associação Trilheiros da Caatinga, uma associação formada por estudantes do curso de Segurança do Trabalho, do Núcleo de Educação à Distancia do IFRN em Lajes. 

Ao chegarmos em frente a igreja matriz da cidade, lá estava  o nosso grande amigo Leandro Souza, um dos membros dos Trilheiros da Caatinga. Ao colocarmos o papo em dia, e depois de irmos rapidamente à feira da cidade que se realizava naquele dia, tratamos de pegar um novo transporte para nos conduzir até a comunidade da Boa Vista, local onde estar localizada a serra. Num micro-ônibus gentilmente cedido pela secretária de educação municipal, a Srª Francisca Irene Martins, passamos por um bom trecho de estrada carroçal, e por inúmeras porteiras até chegar na comunidade. 

Chegamos na em Boa Vista, fomos logo para a Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, local onde montamos a base de apoio para os dois dias de expedição na serra. A escola encontra-se desativada, não sendo mais realizadas aulas no local, devido a prefeitura de Lajes fornecer transporte escola para às crianças da comunidade, que vão estudar na sede do município. Então, em vez de alunos e professores, encontramos o Seu Luiz e a Dona Maria, que tomam conta do prédio, e dão apoio as pessoas que vem visitar a serra do Feiticeiro. 

Rumo à serra
Após termos descarregado os suprimentos, e termos admirado a imponência da cordilheira que estava a nossa frente, e também de quebra o Pico do Cabugi por trás da escola,  fomos logo trocar de roupa, para encarar o primeiro dia de caminhada, aproveitando o clima agradável na oportunidade. Sairmos com destino ao pé da serra, onde fomos em busca dos vestígios da antiga mineradora de propriedade de Raul Capitão, um dos personagens da história do município, pelos casos de desaparecimento de pessoas atribuídas a ele, segundo alguns moradores da região. Mas antes de chegar até esse local, andamos por cerca de 3 Km, onde o Leandro foi nos mostrando as belezas e curiosidade da caatinga. Eram inúmeras espécies de plantas, que tinham particularidades impares, principalmente propriedades medicinais, além da grande variedade de pássaros que habitam próximo a serra, indo de rolinhas, casaca-de-couro, joão-de-barro, periquitos, e até papagaios. Diante deste cenário, várias criações de caprinos eram encontradas pelo caminho, demonstrando a importância de atividade econômica na região. 

Uma outra coisa que nos chamou a atenção, foi o fato de haver uma área onde ocorreu um grande desmatamento, para a fabricação de lenha. Infelizmente, esta prática, segundo o condutor, era bem comum naquela região. Seguimos adiante, passando por um velho açude que não agüentou a pressão da água e acabou estourando, até encontramos no meio da caatinga, um típico vaqueiro do sertão. Era o Sr. Nivaldo que estava aboiando o seu gado. Ele nos alertou da possibilidade de encontramos cobras no local, pois o vaqueiro relatou que por é bastante comum a incidência de jararacas, cascavéis e cobra-de-viado naquela região. Seguimos com o cuidado redobrado, até chegarmos na porteira que dá acesso a área de mineração. 

Galeria de mineração
Ao chegarmos lá, encontramos ainda algumas edificações abandonadas, como galpões repletos de picaretas e outras ferramentas utilizadas na exploração de minério, o local do gerador de energia, e o lavatório do minério. Ainda havia um poço onde era feita a sondagem do mineral, além uma vasta quantidade de escoria decorrente da extração. Mas o mais interessante era a galeria de exploração. Dentro do túnel era possível ver os trilhos utilizados pelos mineiros para escoar o minério, e uma incidência de água dentro do túnel, provavelmente contaminada por mercúrio utilizado na exploração do minério, há tempo atrás. Não fomos adiante túnel adentro, devido a possibilidade de encontramos cobras dentro do mesmo, pois logo na entrada, foi detectado um ninho do animal com alguns ovos. A galeria ainda é explorada de forma irregular por alguns garimpeiros das comunidades, burlando a fiscalização tributária. 

Mané mago
Retornamos ao local da base, mas antes uma velha casa pelo caminho nos chamou a atenção, pelas lendas contadas pelos moradores da região. Segundo eles, a casa é tida como mau assobrada, sendo evitada a passagem por ela em determinadas horas da noite. Uma outra lenda desta construção é que nos fundos da casa existe uma “butija”. Segundo a cresça popular nordestina, a butija é um recipiente onde em seu interior há uma grande importância de valor, seja ela dinheiro ou metais preciosos como o ouro, que é revelada a uma pessoa por meio de um sonho. Mas para pegar a butija, é necessário que a pessoa que teve a premonição, enfrente uma entidade paranormal: Uma alma por exemplo. Fomos até a casa, não pela butija, mas sim pela arquitetura do lugar, lembrando as antigas casas dos colonos que habitavam a região. Para a nossa surpresa, encontramos no local um imenso Mané Mago (um inseto semelhantes a um pedaço de madeira ou graveto sendo um ótimo disfarce contra predadores), com cerca de 30 cm. 

Seguimos adiante, passando por mais uma parede de um açude, até chegarmos na residência da família Bernardino, onde matamos nossa sede, e conversamos algumas prosas, com o Seu José e Dona Maria Helena, e brincamos com o simpático Joaquim, neto dos anfitriões. Nos despedimos e retornamos a base, onde a Dona Maria já havia preparado o nosso almoço. 

Após a refeição e um bom banho, parte do grupo foi montar o acampamento, e a outra ficou conversando sobre curiosidades da serra e dos moradores do local, apreciando os raios solares do final da tarde que incidiam sob a serra, dando uma coloração única devido aos minérios que compõe sua estrutura, e  o belíssimo por do sol que se escondia por trás do Pico do Cabugi. Ao anoitecer, e após o jantar, foi exibida uma seção de documentários na base, inclusive de produção própria dos moradores de Lajes. Aproveitando ainda o silêncio da noite, e o belo céu estrelado do lugar, não faltaram histórias místicas sobre a serra, envolvendo aparições de OVINs, e de personagens do folclore nordestino como a caipora, o batatão, a Mãe de Pantanha, entre outros. Por volta das 23h:00, foi finalizado o primeiro dia de atividades.

Campanha Trilhando o Verde
O segundo dia de atividades começou logo cedo, por volta das 05h:00. Após termos apreciado o nascer do sol por trás da serra do Feiticeiro, e o café da manhã, realizamos o primeiro plantio da Campanha “Trilhando o Verde”. Na oportunidade, mais uma muda de sabiá foi plantada, desta vez por Erdevaldo, e o Leandro na entrada da escola. 

Ao término do plantio, seguimos novamente com destino a serra. Agora para subir os 490 metros até a Pedra do Anjo. Passamos novamente pelo mesmo caminho do dia anterior, até chegar no pé da serra, onde tivemos a grata surpresa de termos encontrado o Frederico e o Eudes, que também fazem parte dos Trilheiros da Caatinga. 

Antes da subida, realizamos um briefing para sabermos as orientações necessárias para uma boa trilha sem acidentes, pois a estrada que dar acesso ao alto da serra é toda de piçarro solto, muito fácil de haver um acidente, sendo necessário cuidado redobrado. Uma outra dificuldade que nos foi alertada, era o caso de alguém passar mal por causa do ar rarefeito. Com os cuidados redobrados seguimos o mesmo caminho que os romeiro e pagadores de promessa fazem quando vão até a capelinha no alto da serra. Notamos pelo caminho que existem várias árvores que possuíam pedras em seus galhos. Segundo os condutores, aquilo era a representação da fé dos fies, que acreditam que colocando uma pedra no galho, daria forças para alcançarem o local da capelinha. 

Pico do Cabugi visto da Serra do Feiticeiro
Em paralelo a nossa subida, estava o Pico do Cabugi, numa visão bem particular, onde estávamos nivelados com o velho vulcão. Mas para a direita estava a cidade de Lajes, numa calmaria que só era quebrada pelo sons dos pássaros da serra. Finalmente chegamos até o cruzeiro da Divina Santa Cruz, onde estar a capelinha. No inteiro dela encontramos diversas formas de expressão de fé, como fotos, roupas e partes do corpo humano feita de madeira, representando graças alcançadas, atribuída ao menino santo. Os condutores contaram sobre a história do menino José Alexandrino, que deu origem ao local. Fomos mais acima até chegar na Pedra do Anjo, local exato onde o corpo do menino foi encontrado. Na rocha estar um pequeno cruzeiro, e uma marca de como fosse um liquido que havia escorrido por ela , sendo considerado pelos moradores, o local onde o sangue do menino estava espalhado. 

Pedra do Anjo
Após termos visto  a Pedra do Anjo, seguimos serra acima, pela antiga estrada da mineradora, reabrindo a trilha, até um pequeno mirante com uma fabulosa vista para o Pico do Cabugi, e do restante da cordilheira. Mas ainda queríamos mais: Seguimos adiante mato a dentro, onde nenhum outro turista havia chegado. Fomos até os imensos paredões da serra, onde os raios solares incidem e dão uma coloração bem diferente. Mais a frente estaria a primeira “casa de pedra”, mas devido a pouca água que estávamos levando, e  a hora avançada, não decidimos seguir em frente. Retornamos novamente pelo mesmo caminho do dia anterior, para nos despedirmos da família Bernardino, e em seguida voltarmos a base para o plantio de segunda muda. 

Desta vez coube ao filho do Erdevaldo, o Átila Oliveira  - que fazia sua estréia no GEOTRILHAS/RN – juntamente com Joseph Eudes de plantarem mais um sabiá.  Responsabilidade ambiental cumprida, fomos para o almoço da despedida, onde se reunirão o GEOTRILHAS/RN, Trilheiros da Caatinga, e a família dos nossos anfitriões da escola. 

Ao término nos despedimos dos moradores da Boa Vista, e embarcamos todo o material dentro do micro-ônibus para retornarmos a Lajes, de onde desta vez nos despedirmos de Leandro e voltamos para Natal. A serra do Feiticeiro, nos deixou uma lição de que é possível fazer um ecoturismo sem luxo e sofisticação, aproveitando a simplicidade, e o acolhimento das pessoas que moram na região, para proporcionar um ambiente familiar e agradável, sendo como se fosse uma visita aos nossos parentes que moram no sítio. É interessante que também haja uma exploração turística de forma sustentável na serra, para que seja conservado o máximo das características, que só aquele lugar pode oferecer.  Parabéns a todos que fazem o passeio à serra do Feiticeiro um ponto de parada obrigatória para aqueles que procuram ecologia, história e cultura nas atividades de trilhas ecológicas.

Raio-X

Nível de Dificuldade – Alta
Localização da Trilha – Alta
Disponibilidade de Socorro Médico – Média
Apoio Logístico - Bom

Recomendações necessárias para trilhar

- Usar roupas leves, confortáveis e fechadas;
- Utilizar bastante protetor solar;
- Levar cantil com bastante água;
- Utilizar chapéu ou boné para se proteger do sol;
- Não escrever, desenhar ou danificar as árvores do Parque;
- Evita incêndios, apagando cigarros e charutos antes de descartá-los;
- Guadar seu lixo e obedecer às instruções do condutor.

Onde ficar
Base do Acampamento na Escola Nossa Senhora da Conceição

Onder comer
Base do Acampamento na Escola Nossa Senhora da Conceição

Contatos para realização de trilha
Associação Trilheiro da Caatinga
Fones: 84 9938-0853 (Leandro) ou  84 9600-1659 (Eudes)
E-mail: trilheirosda caatinga@hotmail.com


VÍDEO DA TRILHA


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