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terça-feira, 17 de maio de 2011

TRILHA ECOLÓGICA DO GARGALHEIRAS - ACARI/RN

Parede do açude Gargalheiras
FIQUE POR DENTRO DE ACARI

Distante da capital potiguar a 201 Km, localizado na Mersorregião Central Potiguar, o município de Acari esta incluso dentro da Microrregião do Seridó Oriental, ocupando uma área de 610,3 Km², a 270 metros acima do nível do mar.


A origem de seu nome vem de um peixe de escamas ásperas e carne branca, muito abundante no rio Acauã. O início de sua história de ocupação territorial, se dar antes do XVIII, onde já se tinha notícias da presença dos índios Cariris, que rondavam aquelas terras. Nos primeiros anos do século XVIII houve uma grande expansão das fazendas de gado, que se situavam as margens dos rios da região. São apontados dois nomes como pioneiros do desbravamento de Acari, sendo eles o Sargento- Mor Manuel Esteves de Andrade, que cria o povoado e o português Tomás de Araújo Pereira, que em 1750 fundou a fazenda Picos e ergueu a primeira capela se dar em 1737, com um pedido feito diretamente ao Bispo de Olinda, tendo sido dedicada a Nossa Senhora da Guia. 


No ano de 1863 é construída uma igreja, que passa a ser dedicada a Nossa Senhora do Rosário. A primeira capelinha passa a ser matriz, quando no ano de 1835 é criada a paróquia de Acari, juntamente com a criação oficial do município por meio de uma Resolução do Conselho do Governo, que emancipa Acari do município de Caicó.  É nesta mesma época que Acari passa a adotar um costume que perdura até os dias atuais. Por meio do “Código de Postura da Intendência Municipal da cidade de Acary”, implementado naquele ano, os moradores passam a ser obrigados a limparem as frentes de suas residências, durante os principais festejos municipais, sendo passiveis de pagamento de multa, pelo não cumprimento da norma. Esta obrigatoriedade, com o passar do tempo foi dando lugar a conscientização das pessoas, que devido a isto, no ano de 1973, município ganhou o título de cidade mais limpa do Brasil, em que o lema adotado pelo prefeito da época, José Braz de Albuquerque Galvão Filho, era que “ Nesta cidade o ‘sugismundo’ não pode  morar”.


Quanto as suas características geográficas, o município apresenta um clima muito quente e semi-árido, com temperaturas médias de 27,5Cº, tendo o seu período chuvoso compreendendo entre março e abril. Sua formação vegetal é composta por caatinga hiperxerófila (vegetação de caráter mais seco, com abundância de cactáceas e plantas de porte mais baixo e espalhado), caatinga subdesértica do Seridó (vegetação mais seca do Estado, com arbustos e árvores baixas, ralas e de xerofitismo mais acentuada) com grande presença de pereiro, favela, facheiro, macambira, xique-xique e jurema-preta. Devido a diversos faotres naturais, e principalmente humanos, Acari está inserido em área sujeita a desertificação. Possui uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, conhecida com  RPRN Sernativo.


Os solos possuem características média a alta fertilidade, com presença de pedregulhos, rochas e argila, com boa drenagem, onde na grande maioria são utilizados para a pecuária extensiva e para culturas de subsistência, como milho e feijão, além do plantio de tomate e algodão.


Pela sua localização privilegiada dentro do sertão, Acari apresenta uma geomorfologia repleta de várias formações rochosas. O seu revelo está compreendido entre 200 a 645 metros de altura, com destaque para a serra Bico da Arara, onde atinge a altura máxima, onde se destaque em meio da Depressão Sertaneja e do Planalto da Borborema. Geologicamente, possui terrenos do Embasamento Cristalino, com ocorrências minerais como gemas, granada, água marinha, calcário, berílio, tungstênio, urânio entre outras. 


Já quantos aos recursos hídricos, o município está englobado no Aqüíferos Cristalino e Aqüífero Aluvião, tendo o primeiro como característica os depósitos de águas subterrâneos, onde só é possível usufruir da água, quando esta brota de fissuras nas rochas. Enquanto no segundo aqüífero, as águas são aquelas que estão presentes nos leitos dos rios e riachos da região. Quanto à hidrologia local, Acari está situada dentro da Bacia Hidrográfica do rio Piranhas-Açu, tendo como principais afluentes os rios Acauã, rio do Saco, rio Carnaúba e o riacho das Barrentas. O armazenamento das águas do rio Acauã,é feito pelo Açude da Prefeitura, com capacidade de 285 000 m³, e por um dos principais açudes do Seridó, e por que não dizer o mais belo. O Açude Marechal Dutra, mais conhecido como Gargalheiras, possui uma capacidade de retenção da ordem de 40 000 000 m³, que formando um lindo espelho d’água, além da formação de um belo cenário na época das chuvas, em que é formada uma enorme cachoeira no seu sangrador, conhecido com o véu da noiva.

Pontos Turísticos


  • Açude Gargalheiras - Situado na bacia do Rio Acauã, a 04 quilômetros da sede do município;
  • Serra do Bico da Arara – Local de uma enorme gruta que entre os meses de abril a outubro, cerca de sete milhões de andorinhões vindos da África;
  • Museu Histórico de Acari (Museu do Sertanejo) - Localizado no antigo prédio da cadeia e intendência (Casa de Câmara e Cadeia), conta um pouco da sua colonização; 
  • Sítios Arqueológicos e Treks Ecologicos - Sitio Arqueológico Poço do Artur I e II (Rio Acauã); Poço do Filipe; Xique-Xigue;
  • Igreja de Nossa Senhora do Rosário - A capela que homenageia Nossa Senhora da Guia;
  • Matriz Nossa Senhora da Guia - Padroeira de Acari;
  • Sobrados – Casario Urbano;
  • Capela Nossa Senhora de Lourdes.

GEOTRILHAS/RN EM ACARI


Partimos de Natal por volta das 06h:00 da manhã do dia 30 de abril, seguindo pela BR-226 com destino ao Seridó. A nossa comitiva estava formada por 80% de novos trilheiros, que não se importaram de fazerem suas estréias logo no acampamento anual do GEOTRILHAS/RN. Chegamos na cidade mais limpa do Brasil por volta das 10h:00, onde seguimos direto para a comunidade Gargalheiras, que seria o local de partida para a longa caminhada com destino a serra do Pai Pedro, onde seria o local do acampamento. 

Feira de artesanato
Ao chegarmos em Garagalheiras, fomos logo recepcionados pelo nosso guia, Ivan Simplicio, que logo nos convidou para conhecermos o povoado, que naquela data, estava em festejo com a realização do XIV Festival do Pescado, onde os membros da comunidade aproveitam para negociar, trocar experiências e aperfeiçoar as técnicas utilizadas na produção de pescado, realizar eventos esportivos e de turismo e mostras  de artesanato. Após a foto oficial da chegada, fomos até o centro comunitário, onde estava tendo uma exposição de artesanato, e de fotografias. Estas tiradas pelo nosso guia, que demonstrou ter um talento fantástico, quando a captura de momentos na comunidade em si. Conhecemos alguns peixes do açude, que estavam em exposição num imenso aquário, e de trabalhos artesanais das mulheres da comunidade. 

Por dentro da parede do açude
Seguimos adiante com destino ao açude Gargalheiras, passando pelo pátio de eventos do festival. Caminhamos pela estrada que beirava o açude, e logo vimos a beleza do imenso reservatório, mas que ainda não tínhamos a idéia de suas dimensões totais. Chegamos na parede do açude, em que observamos que havia ainda cerca de dois metros para o reservatório sangrar. Tiramos algumas fotos da grande parede de granito e concreto, antes de sermos convidados a entrar por dentro dela. Foi um convite bastante inusitado, haja vista ser de responsabilidade do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). Aceitamos o convite, e descemos pelas escadarias da parede. Haviam muitas largatixas que mais pareciam jacarés, de tão grande que era o tamanho dos bichos. Nos chamou a atenção, foi a formação de Estalactites dentro da parede. Fator atribuído ao uso do granito na construção. Atravessamos de uma ponta a outra da parede, imaginando o quantitativo de água que estava no outro lado. Retornamos, mais antes decidimos subir por uma pequena escadaria de ferro, que dar na torre no meio da parede do açude, onde estão localizadas as válvulas das comportas. É sem dúvida, uma visão privilegiada do açude, do ponto que só é possível ver através de fotografias. Saímos de dentro do paredão, e fomos explorar o outro lado do açude, aproveitando que ainda não estava sangrando, de onde tivemos a idéia do tamanho da grande parede, encravada no meio de duas serras. 

Início do trekking com destino ao Pai Pedro
Após conhecermos a parte física do Gargalheiras, era chegada a hora do almoço. Subimos uma grande escada que dava para a bela Pousada Gargalheira. Um ambiente bastante aconchegante, de frente para o Gargalheiras. Na hora da refeição, o grupo decidiu experimentar as especialidades do lugar, como o camarão de água doce, e a tilápia, ambos pescados no açude. Após a refeição, voltamos para a comunidade de Gargalheiras, passando novamente pela área do festival, quando fomos abordados pelo Secretário de Turismo de Acari, Sérgio Enilton da Silva, que nos deu as boas vindas ao município, além de nos presentear com um boné do evento. De lá fomos até a casa do Ivan, de onde pegaríamos as mochilas e partiríamos com destino ao Pai Pedro. Dividimos os pesos dos mantimentos por igual, os quais seriam utilizados para a nossa alimentação, carregamos o máximo de água possível, e partimos às 14h:00 para o nosso destino. 

Seguimos por uma estrada carroçal, por meio da verde vegetação da caatinga na oportunidade, graças as chuvas que caíram na região. A medida que caminhávamos, a estrada ia ficando mais estreita, até chegarmos numa propriedade quase que abandonada, que era ponto obrigatório de passagem, para aqueles que queriam ver as figuras rupestres. Chegamos a um leito de um riacho, onde deixamos as mochilas, e subimos num lajedo para ver de longe as figuras rupestres, devido o riacho não proporcionar a nossa travessia. Os participantes puderam ver nitidamente as figuras que representavam o modo de vida dos índios Cariris, muito antes da colonização do local pelo homem branco. 

Grupo reunido com o casal anfitrião Dona Maria e Seu Felipe
Regressamos pelo mesmo caminho, cerca de 30 minutos de caminhada, até pegarmos a estrada entre as serra para o nosso destino. Passamos por paisagens inusitadas, onde a cor cinza da caatinga deu lugar ao verde, e ao floral de muitas plantas da região. Os pequenos barreiros estavam cheios, e brotava água por algumas rochas pelo caminho.  Era o que aliviava as dores do peso em nossas costas devido a carga levada. Os calouros sofreram bastante, por se tratar de uma longa caminhada, e com peso extra, além de não terem tido o cuidado de economizar água durante o trajeto. Por inúmeras vezes o grupo parou para descarnar, o que atrasou um pouco a nossa chegada ao pé da serra. Chegando ao pé da serra, faltavam cerca de 45 minutos para chegarmos ao topo, mas tínhamos que encarar uma subida não muito fácil, mas que era preciso para atingirmos o nosso objetivo. 

Acesso ao mirante
Como devagar se chega ao longe, por volta das 17h:30, conseguimos chegar ao topo da serra, mas faltava ainda uma pequena caminhada até o local da base. Encontramos dois trilheiros pelo caminho, que nos relataram a beleza que havia logo a frente. Foi uma injeção de animo ao grupo, que prosseguiu serra a dentro, quando nos deparamos com uma formação rochosa parecida com a Pedra da Boca em Araruna/PB, com uma casinha embaixo. Era justamente o local de nossa dormida, onde lá encontramos o Seu Felipe e Dona Maria. Dois moradores da região que ficaram bastante famosos nacionalmente depois da veiculação de uma reportagem no programa Mais Você, da Rede Globo que é apresentado por Ana Maria Braga. Fomos bem recebidos no local, onde logo tratamos de tirar uma foto de registro, e montar acampamento, pois havia um indicativo de chuva. Uma parte do grupo armava o acampamento, enquanto outra auxiliava Dona Maria na preparação do jantar. Neste meio termos, muita aproveitaram para tomar uma banho relaxador num pequeno poço natural da propriedade, para renovar as energias. Ao cair da noite, e depois de um gostoso jantar, nada melhor do que uma boa prosa entre os amigos, e as histórias e canções tocadas por Seu Felipe em sua gaita. Por volta das 22h:00, o grupo se recolheu em definitivo para suas barracas, e foi dado por encerrado o primeiro dia de atividades.


Vista do mirante
Pontualmente às 04h:30, o galo cantou, e deu início ao segundo dia de atividades. O grupo ainda preguiçosamente de levantava, depois de uma merecida noite de sono para recuperar as forças que foram gastas na subida da serra. Fomos para um dos poços para o banho matinal, e em seguida, já que era próximo, fomos conhecer o olho d’água, de onde é retirada a água para consumo na propriedade. O local da fonte é belíssimo, de onde brota das rochas, uma água cristalina e gelada, que eu particularmente nunca tinha provado igual. Era uma água digna de ser engarrafada e comercializada com qualquer tipo de água mineral. Seguindo um pouco a frente, achamos uma pequena cachoeira onde novamente tomamos banho, antes de seguimos para o café da manhã. Ao chegarmos na casa do sítio, a mesa já estava posta, com um gostoso café da manhã, e uma prosa para animar. Em seguida desarmamos o acampamento para adiantar, e seguimos com destino ao topo da serra, para ver o Gargalheiras do alto. subimos cerca de 30 minutos, até chegarmos ao mirante, que dava para vermos o grande lago que se formou com o represamento do rio Acauã, digno de várias fotografias. Logo depois, parte do grupo decidiu ir mais a frente para ver a pedra do Cruzeiro. Fomos acompanhado do guia, onde era necessário abrir picada pelo caminho. Passamos por locais que denunciava ser locas de animais, pelas ossadas de pequenos bichos no local. Seguimos mato a dentro, e rocha acima, quando percebemos que estávamos em cima da rocha que lembrava a Pedra da Boca, tendo aos nossos pés a casa de Dona Maria e Seu Felipe. Seguimos adiante, quando nos deparamos com a rocha que leva o nome de Cruzeiro, por se esta caprichosamente desenhado pelas águas da chuvas, um imenso crucifixo na sua superfície. Mas a surpresa não parava por ai. Fomos mais adiante, passando por um local cheio de fezes de bode selvagem, até chegamos num mirante que dava para ver Acari ao fundo, o lago da represa, a comunidade de Gargalheiras, e a parede do açude. Uma paisagem belíssima, que redeu várias fotos, e um momento de descanso aproveitando a brisa fria que soprava em nós. Após alguns minutos de contemplação, retornamos junto aos restante do grupo, para descemos de volta a base, onde o almoço estava sendo servido quando chegamos. 

Descida da serra
Depois de termos nos alimentado com o saboroso almoço de Dona Maria, e termos tirando uma sesta, nos preparamos para partimos. Nos despedimos do casal anfitrião, e subimos o mesmo trajeto da manhã, para depois descermos serra abaixo, com destino ao ponto de onde Seu Paulo, pai de Ivan, iria nos resgatar de barco, e levar de volta para a comunidade de Gargalheiras. A descida foi bastante cuidadosa, devido a uma pequena chuva que passou pelo local quando estávamos saindo. Depois de uma hora de descida, chegamos a uma pousada totalmente ecológica, onde até mesmo a energia vem de placas solares. De lá pegamos a lancha, e realizamos um pequeno passeio pelo açude, onde conhecemos a pedra do Navio, a pedra da Santa e chegamos ao lado da parede do açude, antes de desembarcamos e seguimos a pé para Gargalheiras. Passamos pelo meio do show que estava sendo apresentado no festival, até chegarmos em definitivo na comunidade, onde compramos lingüiça e almodengas de peixe e camarão. Após nos organizarmos, nos despedimos de Ivan, e regressamos a Natal por volta das 18h:30, sob chuva.


Regresso de barco para a comunidade
Acari nos deixará boas recordações, pela simplicidade de seu povo, que se senti bem, quando recebe os seus visitantes bem, para que eles possam um dia voltar e visitarem uma das belezas do Rio Grande do Norte.                   



VÍDEO DA TRILHA



Raio-X

Nível de Dificuldade – Alto
Localização do Parque – Bom
Disponibilidade de Socorro Médico – Regular
Apoio Logístico - Bom

Recomendações necessárias para trilhar

- Usar roupas leves e confortáveis;
- Usar calçados tipo tênis ou botas;
- Levar cantil com bastante água;
- Utilizar chapéu ou boné para se proteger do sol;
- Não colher flores, frutas, sementes, ramos, mudas, lenha ou troncos;
- Não escrever, desenhar ou danificar as árvores do Parque;
- Não mascar folhas, frutos, sementes, raízes ou cogumelos desconhecidos.
- Evita incêndios, apagando cigarros e charutos antes de descartá-los;
- Não entrar no parque com armas, explosivos, faca, facão, machado, tinta, spray ou similares;
- Jogar seu lixo nas lixeiras, seguir os painéis informativos e obedecer às instruções dos funcionários do Parque;
- Evitar brincadeiras desnecessárias no decorrer da escalada

Onde comer
Pousada  e Restaurante Gargalheiras
Fone: (84) 9937-6292 & (84) 9172-1441 

Onde ficar
Pousada  e Restaurante Gargalheiras
Fone: (84) 9937-6292 & (84) 9172-1441 

Contatos para realização de trilha
Ivan Simplício
Fone: (84) 9932-9412
e-mail:
ivan_legiaourbana@hotmail.com

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