Por Fernando M. Resende e Geraldo Wilson Fernandes.
Imagem: Comgeres |
O cidadão que passa por Santana do
Riacho, um dos municípios integrantes da Serra do Cipó, fica impressionado com
o crescimento da degradação ambiental. Empreendimentos imobiliários se expandem
sobre ecossistemas naturais; rodovias mal planejadas cortam as serras; espécies
de plantas exóticas se espalham; incêndios criminosos continuam a arder e a
matar.
Agora mais um! Os resíduos sólidos
produzidos em Santana do Riacho são despejados diretamente no solo, sem
qualquer medida de proteção à saúde pública e aos frágeis ecossistemas da
região. O local do descarte, um “lixão” a céu aberto, localiza-se nas
proximidades da estrada de terra que liga Santana do Riacho ao distrito da
Lapinha da Serra.
Quem atravessa esta parte do
“sertão” de Minas Gerais depara-se com o triste cenário. O local da deposição
de lixo não conta sequer com uma estrutura de proteção adequada. O alambrado
que cerca a área está em péssimas condições. Plásticos, isopor e outros resíduos
são espalhados pelo vento para os arredores. O depósito inadequado de lixo
exala um cheiro terrível e acaba com o magnífico cenário da Serra do Espinhaço.
O “lixão” configura-se, como uma ameaça ao turismo, atividade que vem se
consolidando na região e representa uma das principais fontes de renda para a
população local.
“Lixões” também geram outros
problemas. Eles contaminam o solo e o lençol freático com o chorume que é
produzido pela decomposição da matéria orgânica. Emitem metano, gás inflamável
que pode causar explosões. Atraem animais transmissores de doenças, como ratos,
baratas e moscas. Moradores da Lapinha da Serra relatam que nos últimos tempos
o número de moscas varejeiras encontradas no interior das casas aumentou
assustadoramente. Segundo a comunidade as moscas vêm do depósito de lixo “de
carona” nos caminhões que recolhem os resíduos sólidos no lugarejo.
Em qualquer município o descarte de
resíduos em “lixões” é inaceitável, tanto pelos aspectos ambientais como pelos
sociais; além disto é ilegal e imoral. No caso de Santana do Riacho, o descaso
do poder público agrava-se por se tratar de uma região com altíssima
biodiversidade e de extrema importância para a conservação. O município é
inserido em uma unidade de conservação federal, a Área de Proteção Ambiental
Morro da Pedreira e também se localiza no interior da Reserva da Biosfera da
Serra do Espinhaço, que foi criada pela UNESCO com o objetivo de conservar os
recursos biológicos, geomorfológicos e históricos da região.
É vital que Santana do Riacho
encontre uma forma apropriada de gerir os resíduos sólidos e consiga conciliar
o desenvolvimento econômico com adequadas práticas ecológicas e sociais. Em
2010 foi aprovada a Lei 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos e proíbe os “lixões”, obrigando as prefeituras a destinarem a aterros
sanitários os materiais que não podem ser reciclados e reutilizados. Faça-se
cumprir!
Fernando M. Resende – Mestrando
do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre
– UFMG
Geraldo Wilson Fernandes – Professor Titular, Departamento de Biologia Geral – UFMG
Geraldo Wilson Fernandes – Professor Titular, Departamento de Biologia Geral – UFMG
Fonte:Ecodebate
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