O Brasil ganhou seu novo
Código Florestal, após três anos de discussões no Congresso. A lei foi
promulgada pela presidente Dilma Rousseff, com uma medida provisória anexa que
preenche as lacunas deixadas por 12 vetos. E já com promessa de novas
alterações.
A primeira delas deve ser feita já
no “Diário Oficial” de hoje para corrigir um erro que incendiou os
ambientalistas.
No texto da MP publicado ontem, que
restaura a essência do código aprovado pelo Senado e posteriormente alterado
pela Câmara, há um parágrafo que prevê que áreas de preservação permanente
(APPs) em margem de rio possam ser recuperadas com espécies exóticas.
A ideia, segundo a ministra
Izabella Teixeira, era limitar o dispositivo a pequenas propriedades e sempre
em combinação com espécies nativas. Mas a redação da MP sugere que o plantio
indiscriminado de dendê possa ser considerado mata ciliar.
“Isso representa o desvirtuamento
do conceito de APP”, criticou André Lima, do Ipam (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia).
O Comitê Brasil em Defesa das
Florestas, que iniciou o movimento “Veta, Dilma!”, disse ontem que o novo
código amplia a anistia a desmatadores e reduz a proteção às florestas, e
estuda entrar com uma ação contra a lei no STF (Supremo Tribunal Federal).
Parlamentares ruralistas e
representantes do agronegócio, por sua vez, ficaram insatisfeitos com os vetos
e prometeram brigar por ajustes na medida provisória.
Os dois pontos críticos são os
vetos ao artigo 1° e ao artigo 61 do texto do deputado Paulo Piau (PMDB-MG),
aprovado no plenário da Câmara.
No lugar do primeiro, que tornava o
código um mero disciplinador de atividades rurais, Dilma restaurou o texto do
Senado, que afirma que o objetivo da lei é proteger as florestas nativas.
Substituindo o 61, considerado pelo
governo anistia a desmatamentos ilegais, Dilma estabeleceu uma recomposição progressiva
de APPs desmatadas em beira de rio.
Nessa “escadinha”, minifúndios
recompõem apenas 5 m em margem de rios estreitos e médias e grandes
propriedades, 30 m (em vez dos 15 m definidos na Câmara).
O agrônomo Gerd Sparovek (USP)
elogiou a medida: “Exigindo a restauração quase completa ou completa dos
imóveis maiores que 4 módulos fiscais [médios e grandes], a MP inclui na
restauração 75% da área agrícola”.
Já o vice-presidente da CNA
(Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Assuero Veronez, disse que
a volta do artigo 61 “traz prejuízos significativos” para os grandes
produtores. “Vai ter impacto na produção.”
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO),
presidente da CNA, sugeriu que o texto pode sofrer emendas: “Quando a
presidente manda uma MP pro Congresso, ela está abrindo para a possibilidade. A
presidente não fechou a porta”.
Ciente das dificuldades, o governo
atua para que o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que relatou a lei no Senado,
seja o relator da comissão que examinará o veto.
Frases
“A MP inclui na restauração 75% da área agrícola”
Fonte:Revista Ecoturismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário