Dois dias após ter parado o porto
de Itaqui, em São Luís, em protesto contra as ilegalidades do setor de ferro
gusa, o Greenpeace apresentou uma lista de exigências para o consumo de carvão
vegetal. Trata-se de um pacto de desmatamento zero na cadeia de produção da
indústria.
A lista de exigências inclui a total rejeição a carvão ilegal ou
produzido com o uso de trabalho escravo e de matéria-prima vinda de florestas
nativas e áreas protegidas. A proposta foi apresentada em reunião no palácio do
governo do Maranhão. Representada pela Viena Siderúrgica e pelo Sifema –
Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão –, a indústria aidantou que
não vê problema na lista, e terá até 15 de junho para assiná-lo.
“Um passo muito importante foi dado
para que o passivo ambiental da indústria do gusa seja equacionado em benefício
da população da Amazônia”, diz Paulo Adario, diretor da campana Amaônia do
Greenpeace. “Vamos cobrar. Estamos cansados de blablablá. Queremos ação.
O encontro foi mediado pelo
vice-governador do Maranhão, Washington Luiz de Oliveira, e teve a presença de
três secretarias estaduais – Meio Ambiente, Agricultura e Indústria e Comércio
–, do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual do Maranhão,
Ordem dos Advogados do Brasil e movimento Justiça nos Trilhos. A reunião foi
marcada como condição para que ativistas suspendessem o bloqueio que faziam a
um carregamento de ferro gusa no porto de Itaqui, no último sábado.
Uma investigação do Greenpeace
divulgada no último dia 14 denunciou que algumas carvoarias que alimentam
siderúrgicas do Pará e do Maranhão, na Amazônia, têm envolvimento com extração
ilegal de madeira, trabalho análogo ao escravo e invasão de terras indígenas.
Em fins de março, o Greenpeace
lançou uma campanha nacional pelo desmatamento zero, apoiada por
movimentos sociais – como Via Campesina e sindicatos de trabalhadores
rurais da Amazônia –, organizações indígenas e quilombolas,
entidades ambientalistas e artistas. Quase 280 mil pessoas já assinaram
por uma lei de iniciativa popular pelo fim do desmatamento. Quando 1,4
milhão de assinaturas forem recolhidas, o projeto será encaminhado ao
Congresso.
Fonte: Greenpeace
Nenhum comentário:
Postar um comentário