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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

DESAFIO DOS MARCOS - Natal | Tourus/RN

Início do desafio no interior da Fortaleza dos Reis Magos - Natal/RN


Enquanto muitas pessoas só falavam no possível fim do mundo, o projeto Geotrilhas/RN caiu na estrada. Ou melhor, caiu na areia da praia para realizar o Desafio dos Marcos, que ocorreu entre os dia 26 a 28 de dezembro. O desafio contou com a participação de seis geotrilheiros, que tinham como principal objetivo refazer os passos dos antigos escoteiros do Rio Grande do Norte, que anualmente realizavam essa travessia. Além de fazer o caminho histórico em busca do local onde os portugueses teriam descoberto o Brasil em 1500. 

De acordo com pesquisador  Lenine Pinto “O Brasil foi descoberto onde hoje é São Miguel do Gostoso e não em Porto Seguro, o Monte Pascoal na verdade é o Pico Cabugi e o marco [da Praia do Marco] na verdade foi chantado no dia 30 de abril de 1500, durante a segunda missa na Terra de Vera Cruz”.  Essa informação havia sido nos passada após uma visita ao Pico do Cabugi, onde os guias nos informaram que seria possível observar o mar do alto do pico, caso as condições do tempo fossem favoravéis. 

Um outro objetivo deste nosso desafio foi promover esse produto turistico que possibilitaria a movimentação da econonia desta região litorânea, agregando um valor histórico-cultural a este destino.

O primeiro dia do nosso desafio teve início no inteiror da Fortaleza dos Reis Margos, de onde aos pés do Marco de Touros (descrição) marcamos o primeiro ponto com destino a praia de Muriú, onde seria o pernoite deste primeiro dia. Iniciada a caminhada, o grupo saiu da Fortaleza dos Reis Margos e seguiu rumo à travessia da Ponte Newton Navarro. Do alto dos seus 212 metros de altura, a vista é privilegiada da cidade de Natal e do litoral norte, no qual iriamos percorrer. Durante toda a travessia dos 1.780 metros de extensão da ponte, não encontramos nenhum trasiute que se atrevesse a percorrer a ponte a pé, salvo um grupo de três adolescentes que estavam no meio do vão central admirando o mar. Isso deve esta ligada a sensação de insegurança quanto a assaltos, que a ponte transmite aos usuarios. 

Já no outro lado da ponte, chegamos a praia da redinha, pelo lado do terminal de onibus. A estrada de terra estava repleta de lixo e um fedor muito forte de viseras de peixe. Seguimos adiante até a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes em frente ao mercado da Redinha. Sendo mais antiga do que a igreja de pedras. Antes de iniciar o trecho a beira mar, nada melhor que um côco bem gelado para refrescar o calor que fazia na ocasião. Adentramos na areia da praia, e seguimos nossa rota. Em virtude de ser uma sexta-feira, poucos banhistas estavam presentes na praia, como também, poucas barracas estavam abertas. E assim passamos pelas praias da Redinha Nova e Santa Rita com suas rochas, onde só tinhamos a companhia de algumas “marias-farinhas” que saiam da areia da praia. Porém, na medida em que o entardecer vinha chegando, os bugueiros estavam regressando com os turistas dos passeios do Litoral Norte. Na medida em que os bugueiros passavam, os turistas nos saudavam. 

Olhando para trás, a cidade de Natal ficava mais distânte, como um quadro emoldurao.  Chegamos a famosa Genipabu, onde logo se destava o bar a beira-mar, e as lindas dunas ao fundo. O lugar é um dos principais destinos dos turistas que procuram o Rio Grande do Norte. E pensando nisso, acredito eu, os barraqueiros da praia ao ver um grupo de mochileiros caminhando a beira-mar, logo pensaram que se tratavam de turistas e vieram imediatamente oferecer os seus serviços. Após nos identificarmos como nativos potiguares, tratamos de barganhar o valor de alguns produtos de consumo antes de seguir adiante. 

Chegamos a praia de Barra do Rio já no pôr do sol, onde encontramos algumas casas sendo tomadas pelas dunas. Atravessamos o rio Ceará-Mirim pela balsa, antes de seguir para Graçandu. Nesta praia havia uma maior concentração de veranistas em suas casas de praia, onde estava acontecendo algumas festas isoladas. Já era noite quando chegamos em Pitangui, quando alguns pescadores estavam recolhendo suas redes de arrastos e trazendo o pescado do dia. Realizamos mais uma parada para nos abastecer com água. Todavia, a maré começava a subir e era hora de adiantarmos os passos. 

Num trecho deserto e escuro chegamos em Jacumã, que mostrava todo o potencial dos seus frequenatdos nos portes das mansões construidas a beira mar. A água na parava de subir, nos deixando uma pequena faixa de areia para seguir adiante. Mas o grupo necessitava de descanço, e realizamos uma pausa de meia hora. Neste momento, alguns moradores de Jacumã, que não estavam habituado a ver um grupo de pessoas caminhando a beira mar, principalmente no horário em questão, vieram ao nosso encontro para saber o que se passava. Convesamos um pouco enquanto o grupo descançava. Seguimos a frente, quando avistamos uma luz ao fundo. Era o Farol do Cabo de São Roque, que avisava que Muriú estava próximo. Seguimos avante, e chegamos a Porto-Mirim com a água já nos pés. Mais 20 minutos de caminhada, chegamos finalmente a Muriú, onde o nosso anfitrião Seu Edilson já nos aguardava. Seguimos ainda para fazer uma rápida visita ao casal Noelma e Chagas, que pertecem ao quadro do Grupo Escoteiro do Mar Artífices Náuticos e sempre estão nos apoiando nestas ações. Às 21h:30, seguimos para a casa do Seu Edilson, onde nos foi servido uma bela macarronada ao molho de camarão acompanhado de um bom vinho, antes do grupo se acomodar para o descanço, pois haveriam um outro longo techo a ser percorrida no dia seguinte. 

O início do segundo dia começou com algumas baixas que reduziram em 50% os participantes que terminariam o desafio. Problemas de bolhas e dores musculares foram as principais causas das baixas, que retornaram para Natal por transporte rodoviário. Os demais seguiram adiante logo nas primeiras horas da manhã pela praia. Neste horário, os pescadores já estavam novamente retirando suas redes com o pescado. Seguimos para Prainha antes de chegarmos em Barra de Maxaranguape para fazer nova travessia. esperamos alguns minutos, quando um pequena jangada com dois pescadores veio ao nosso encontro para nos auxiliar na passagem do rio. Agradecemos a gentilieza, e seguimos até um local destinado ao recepitvo de turistas, onde tomamos um refoçado café da manhã a base de cuscuz, macaxeira e guizado. Tomamos novamente a rota a beira-mar, onde pudemos observar o avanço do mar nas casas de Barra de Maxaranguape, o que ocasionou a demilição de várias construções. A praia já estava mais movimentada com banhistas e pescadores artesanais e amadores. Mais a frente, encontramos uma enorme tartaruga que havia morrido. O lugar é ponto de desova de algumas especies. 

Caminhamos já bem próximo ao farol de Cabo de São Roque, que estava acima das falésias. A praia era muito deserta, onde apenas encontramos um casal de pescadores. A próxima parada seria a praia de Caraúbas, mas antes disso, havia uma grande faixa deserta a percorrer e um imenso lance de falesias para percorrer enquanto a maré subia. Havia muitas rochas, o que dificultava a nossa passagem, fazendo com que perdessemos cerca de uma hora na travessia. 

Ao chegarmos em Caraúbas, já era hora do almoço e logo nos acomodamos numa barraca para comer um gostoso peixe. Era perceptivel como o sol havia castigado o pessoal, mas deveriamos continuar, pois Rio do Fogo era o nosso destino neste segundo dia. Voltamos a rota e logo, mais uma vez, varias falesias estavam a nossa frente. Conseguimos avançar ao máximo, porém não era mais seguro continuar com a maré enchendo. Fomos obrigados a subir as falesias para contornar e achar uma faixa segura de areia. Ao encontramos, seguimos adiante quando atinguimos Maracajaú. Logo na chegada, mais uma tartaruga morta na praia, sendo esperada para ser devorada por algum animal. No mar, os barcos que oferecem os famosos passeios aos paraxos. 

Fizemos uma parada no Ma-hoa Park para descançar, contudo, o grupo teria mais duas baixas por dores musculares. O que impossibilitaria a continuidade da rota por apenas uma pessoa, por falta de segurança. A frente havia as praias de Coconhos,  Anéis, Pititinga, Barra de Punaú e Zumbi, antes de chegar a Rio do Fogo. Neste instante, o grupo contactou a geotrilheira Eline que estava em Rio do Fogo, para proceder o resgate do grupo. Em alguns instantes a companehira chegou acompanhada como seu pai, o Seu Edilson (não aquele de Muriú). Neste momento, o grupo foi conduzido para Rio do Fogo pela BR-101, onde ficariamos hospedados na casa dos pais da Eline. Ao chegarmos lá, fomos recepcionados por Dona Senhorinha, a mãe de Eline, que com muita alegria nos hospedou em sua casa. O resto da tarde foi todo para prosearmos sobre a experiência da viagem. Segundo relatos do prórpio Seu Edilson, realmente é possível ver o Pico do Cabugi em pontos distintos do mar, dependendo das condições climáticas e do possicionamento da embarcação. O que reforça a teoria do descobrimento do Brasil pelo Rio Grande do Norte. Ainda deu tempo para saborearmos os frutos do mar típicos de Rio do Fogo preparados por Dona Senhorinha.  Ao final de tanto movimento, só nos restava agora, descançar ao máximo para reculperar as forças e completar o desafio no domingo.

Logo pela manhã, tomamos um reforçado café da manhã feito por Dona Senhorinha, e seguimos o nosso destino para Touros. Agora, com a companhia de Eline no grupo. Ao nos despedimos dos pais de Eline, encontramos o seu avô num trabalho bastante artesanal de concerto das redes de pesca utilizadas no seu ofício. Um trabalho bastante minucioso e que passa de geração em geração nas famílias de pescadores de Rio do Fogo. 

Seguindo pela areia da praia, a próxima parada seria na praia de Touros, mas teriamos uma imensa faixa de terra para percorrer que continha as praias de Gameleira, Perobas,  Graças e Carnaubinha. Durante o percusrso observamos algumas particularidades. Uma seria a grande quantidade de redes no mar, e a outra, a extensão das cercas de lotaevam a beira da praia. Ao chegarmos à Gameleira, um cachorro que acompanha duas meninas resolveu se integrar ao nosso grupo. Perguntado as meninas a respeito do cachorro, elas afirmaram não saber de onde vinha. Então resolvemos ver se achavamos o dono na beira da praia. Quando chegamos em Perobas, um rapaz logo veio a nosso encontro. Era o dono do cachorro fujão que agradeceu por termos encontrado o animal. 

Seguimos adiante pela praia, que nos chamou a atenção por um imenso empreendimento hoteleiro, com vários chalés na beira da praia. Já na praia de Graças, encontramos apenas um escador solitário que jogava seu molinete no mar. Mas andando alguns metros, avistamos o imponente farol do Calcanhar, demostrando que estavamos próximos a Touros. Antes de chegarmos a Carnaubinha encontramos algumas pequenas falesias com um farolete escondido. A cidade de Touros já era visivel em nossa frente. 

Passamos por Carnaubinha, onde se destacava as jangadas em sua faixa de areia, e uma constante movimentação de banhistas. Mas alguns metros, tivemos que subir uma falesia e pegar uma parte da estrada asfaltada que liga Carnaubinha a Touros. Descemos mais uma vez para a praia, para logo em seguida, subir novamente outra falesia que revelou a praia de Touros a nossa frente. Ao descermos da falésia para a praia, fomos recebidos por membros do Grupo Escoteiro do Mar Gapar de Lemos, sediado em Touros, que fez as honras da casa nos convidando para toma uma água de côco bem gelada. 

Tiramos algumas fotos com os garotos, para logo em seguida continuarmos a caminhada em busca da replica do Marco de Touros. Porém, ficamos sabendo da notícia que o mesmo havia sido retirado da praia do Marco, sendo colocado no Centro de Turismo de Touros. Realmante foi bastante lastimavel para nós, na medida em que promoveram uma verdadeira descaracterização do possivel lugar do descobrimento do Brasil. Aproveitamos os garotos do Grupo Escoteiro para nos mostrava a Igreja Matriz Bom Jesus dos Navegantes logo na entrada, vários canhões da época do descobrimento estavam num monumento em frente a igreja. Tiramos algumas foto e seguimos para o interior do templo para conhecer melhor. Os escoteiros nos deram todas as informações quanto a história da igreja e sua ligação com as tradições do povo tourense. 

Seguimos para o centro de Turismo, onde encontramos a replica do marco isolado por uma parede de vidro. Não eram bem isso que estavamos esperando. Seguimos para almoçar no Restaurante Estrela do Mar, onde matamos a nossa fome, antes de voltamos para a igreja para pegar o transporte de volta para Natal. O nosso motorista, James Nascimento, chegou no horário previsto e combinamos com o mesmo para nos levar no Farol do Calcanhar antes do regresso a Natal. 

Chegamos ao maior farol da América Latina e tiramos algumas fotos. No local é tido com o marco zero da BR-101, porém, há alguns metros esta um monumento projetado pelo renomado arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, onde realmente inicia a BR-101 no Brasil. Neste local, também havia abrigado a replica do Marco de Touros, que foi removido para o Centro de Turismo. Tiramos algumas fotos e fizemos uma reflexão a respeito de como queremos pleitear um acontecimento histórico e as autoridades ligadas ao turismo do Rio Grande do Norte removem descaradamente todas as evidencias que poderiam atrair vários turistas que teriam a curiosidade de conhecerem a versão potiguar do descobrimento. 

Regressamos para Rio do Fogo para saborear uma ova de peixe, antes de seguirmos em definitivo para Natal. Para nós, mesmo sem conseguirmos encontra o marco em seu lugar, valeu a experiência cultural com a comunidade de pescadores do Litoral Norte Potiguar. São pessoas que são dispontas a receber bem aqueles as suas comunidades. 



 Realização

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