2º Dia
O
segundo dia da Expedição Geotrilhas/RN na Estrada Real começou logo cedo.
Quando o grupo acordou, uma bela imagem era projetada no jardim da pousada
Catas Gerais. Os primeiros raios solares davam uma luminosidade bastante
interessante a serra da Caraça ao fundo. Ao passo de que um apito de trem
atrapalhava o canto dos pássaros. Era uma enorme composição férrea da Vale, que
vinha do Espírito Santo com os vagões que haviam levado o minério de ferro para
embarque no porto de Tubarão. O barulho que vinha da cozinha já denunciava que
o Seu Romero já estava com a mão na massa, preparando o nosso café da manhã. E
logo este foi servido. Não parava de sair da cozinha broas de milho, bolos de
iogurte e milho, pão de queijo, o típico queijo de minas e a especialidade da
casa: A geleia de jabuticaba.
Após o café, era hora de arrumar a bagagem e cair
novamente na Estrada Real. Realizamos um divertido aquecimento no jardim da
pousada, com a participação de Seu Romero e antes de partir, nos despedimos do
casal amigo. Seguimos pelas ruas de Catas Altas, admirando a beleza arquitônica
do lugar, que possui inúmeros casarões da época colonial. O largo da Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Conceição, possuía um antigo pelourinho, onde os
escravos eram castigados. Hoje não mais jorra sangue deste pelourinho, mas sim,
uma água bem gelada vinda das nascentes da serra da Caraça, que ajuda a
refrescar os frequentadores da praça. No interior da igreja estava acontecendo
a celebração dominical, oportunidade que alguns geotrilheiros fizeram suas
orações e aproveitaram para admirar a arte talhada em madeira que compunha o
interior da igreja.
Seguimos pelos marcos da Estrada Real pelas estreitas
estradas carroçais com destino a Bicame de Pedras. Uma construção datada de 1792
feita de quartzito da formação Moeda, que possuía como finalidade levar água do
córrego Quebra-Ossos, com suas nascentes na serra do Caraça, às fazendas e
minerações existentes na região. Mas para chegar até, haviam 8 Km para serem
percorridos. Uma ligeira garoa caiu para refrescar a nossa caminhada. Durante o
percurso, encontramos vários sinais da presença da Vale. A primeira foi um
grande minerioduto que esta sendo construído para levar minério de ferro para
Vitória/ES. A outra foi o grande trem que passou ao nosso lado, com seus mais
de 200 vagões que foram contáveis. Várias fazendas faziam parte do cenário que
nos circundava, com alguns braços de mata ainda virgem. O gado também foi uma
companhia constante em nossa caminhada, assim como alguns ciclistas vinham
descendo de Diamantina. Finalmente chegamos a Bicame de Pedras, onde nos
surpreendeu o tamanho do paredão, mesmo com seus atuais 150 metros. O guia
Merlin contou que a construção chegou a ter 18 Km de extensão. No interior do
Bicame, havia um mirante construído por um Jeep Club de Minas. Um ponto de
encontro daqueles que desbravam a Estrada Real nos seus 4 X 4.
Seguimos adiante
por uma estrada rodeada por uma área reflorestada por pés de eucalipto, que
seriam destinados a alimentarem os altos fornos das siderúrgicas mineiras.
Devido ao intenso movimento de carros pesados da mineração pela estrada, o
grupo foi conduzido pela van até Barão de Cocais. Conhecida nacionalmente como
"Portal do Caraça", fundada no início do século XVIII. A cidade
apresenta ricas construções arquitetônicas com estilo do período colonial. E
aproveitando isso, procuramos um restaurante que tivesse uma comida que
reportasse este tempo. Encontramos o restaurante Rancho do Quinto, onde
apresentou um cardápio bastante variado da comida mineira. Terminado o almoço,
seguimos para o pior trecho que iríamos encontrar durante todo o Caminho dos
Diamantes.
Tínhamos 12 km com várias subidas íngremes até chegar em Cocais.
Iniciamos a subida em meio a uma mata virgem com o som da cachoeira de Cocais
ao fundo e uma enorme ponte com mais de 200 metros de altura por onde o trem da
Vale passava. Logo em seguida, a mata virgem se transformou em uma grande
floresta de eucaliptos plantados. Merlin, que havia seguido a frente com a van,
logo foi avistado com o carro parado, por não dispor de tração suficiente para
vencer a serra. Neste momento, havia uma difícil decisão a ser tomada. Abortar
o trecho ou o carro de apoio fazer a volta para nos encontrar em Cocais. Mesmo
sem conhecer o que viria adiante, e uma subida bastante desgastante,
abastecemos ao máximo de água os nossos cantis e pegamos algumas frutas para
vencer o desafio. Merlim retornou e nos seguimos em frente. A etapa foi
bastante desgastada pelo castigo que o revelo nos havia presenteado. Além de
alguns motoqueiros que rasgavam as trilhas com suas motos envenenadas.
Orientado pelos marcos, chegamos ao topo da serra da Conceição, quando iniciou
a descida por áreas rurais.
Após duas horas e meia de caminhada, encontramos
Merlin que vinha a nossa procura. Retomamos o caminho, até a entrada do Sítio
Arqueológico da Pedra Pintada. Neste momento, o grupo se dividiu, sendo que uma
parte seguiu direto para a Vila Colonial de Cocais, enquanto a outra parte foi
visitar o sítio. Chegando ao sítio, fomos recepcionados pelos administradores
que nos levaram para conhecer as pinturas rupestres. No sítio, estão
registrados quatro estilos de grafismos feitos com pigmentos minerais, que
podem explicar a cronologia da pintura do paredão. A riqueza nos detalhes é que
nos chamava bastante a atenção. Além das figuras rupestres, o sítio
arqueológico, que esta em terras particulares, é dotado de uma visão bastante
privilegiada onde se pode ser do alto da serra, uma paisagem estonteante da
cadeia da serra da Conceição.
Depois de assinar o livro de visitas e tomar uma taça
de licor de framboesa, retornamos a rota com destino a Vila Colonial de Cocais. Fundada no dia 26 de julho de 1703 pelos bandeirantes Antônio e João
Furtado Leite, irmãos portugueses que erigiram uma tosca capela sob a
invocação de Santana. Em 1769 era construída uma igreja definitiva, a
atual, que possui talha dourada no estilo oriental. Em
1835, quando o Barão de Cocais foi governador de Minas Gerais
(presidente da província) realizou melhoramentos na vila de Cocais, como
urbanização e calçamento, além da reforma da capela de Santana, como
pintura, ampliação e douramento dos altares. Em 1855, por iniciativa do alferes Antônio da Silva Sampaio, foi inaugurada a matriz do Rosário. Ambas igrejas são tombadas pelo IPHAN. .Caminhando mais 45 minutos, avistamos a vila, e, infelizmente ao fundo, a ação
devastadora da mineração em um belo paredão de rochas. Entramos na vila
composta de casas coloniais e casas modernas, até chegarmos na Pousada das
Cores. Local do descanso do dia. Ao chegarmos, fomos recepcionados pelo Sr.
Everton de Paula, proprietário da pousada e um misto de jornalista e químico. A
pousada oferece vários ambientes, como auditório, restaurante, espaço para ioga
e piscina, que por sinal, caiu muito bem depois da longa jornada do dia.
Na hora
do jantar, outra coisa chamou a atenção do grupo. Seu Everton produzir vários
tipos de cachaças, licores, vinagres, azeites e todo o tipo de produto natural
na pousada. Ele ofereceu um degustação ao grupo que logo prestigiou. Durante o
jantar, vários pratos foram servidos, além das típicas sobremesas mineiras e
alguns sorvetes fabricado por Seu Everton. Após a fartura culinária, o grupo se
recolheu dando por encerrado as atividades do segundo dia.
Raio-X
Nível de Dificuldade – Alta
Localização da Trilha – Regular
Disponibilidade de Socorro Médico – Regular
Apoio Logístico – Bom
Recomendações necessárias para trilhar
- Usar roupas leves, confortáveis e
fechadas;
- Utilizar bastante protetor solar;
- Levar cantil com bastante água;
- Utilizar chapéu ou boné para se
proteger do sol;
- Não escrever, desenhar ou danificar as
árvores;
- Guadar seu lixo e obedecer às
instruções do condutor.
Onde Comer
Restaurante Rancho do Quinto
Fone: (31) 3837-3119
Onde Ficar
Pousada das Cores
Fone: (31) 3837-9186 / 9955-4790
Contatos para realização de trilha
Magrelas’s
Fone: (31) 8422-4425
Primotur
Fone: (31) 3213-9839
Trilhando Minas
Fone: (31) 9811-2855
Realização
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