1º Dia
A tão esperada Expedição Geotrilhas/RN
na Estrada Real ocorreu no período de 17 a 25 de novembro, em que, numa
parceria com a agência mineira de ecoturismo Primotur, cinco geotrilheiros,
mais uma convidada, partiram para encarar a famosa Estrada Real, partindo de
Ouro Preto com destino a Mariana. Fazendo o caminho inverso.
Segundo o site Infoescola, a Estrada
Real é um dos maiores circuitos turísticos do Brasil. Com cerca de
1600km, a Estrada começou a ser construída no século XVII para ligar a região
do litoral carioca às regiões produtoras de ouro do interior de Minas Gerais.
No século XVIII a necessidade de um
caminho mais seguro e rápido até o porto fez com que a Coroa ordenasse a
construção de uma outra rota que ficou conhecida como “caminho novo”. À estrada
antiga ficou o nome de “caminho velho”. O caminho novo foi feito por Garcia
Rodrigues Paes, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Paes (que hoje dá nome
à rodovia que liga São Paulo à Belo Horizonte e Vitória), que levou 7 anos
(1968-1705) para terminá-lo. Em 1725, Bernardo Soares de Proença terminou uma
trilha paralela ao, agora conhecido, “Caminho do Ouro”, porque era por ele que
o metal era escoado para Portugal.
Mais tarde, quando foi feita a descoberta
de pedras preciosas na região do Serro, o caminho foi estendido até lá, e Ouro
Preto, então capital de Minas Gerais, passou a ser o local de convergência da
Estrada Real. O caminho até o distrito diamantino ficou conhecido como “Caminho
dos Diamantes”.
Fazem parte do circuito Estrada Real as
cidades: Mariana, Catas Altas, Ouro Preto, Diamantina, Tiradentes, Santa
Bárbara, Morro do Pilar, Conceição do Mato Dentro, Serro, Cocais, Carrancas,
Conselheiro Lafeiete, São João Del rei, e muitas outras cidades que guardam
ainda um pouco da história do Brasil. Ao todo são 177 cidades no entorno da
Estrada Real, sendo 162 em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo.
No início a Estrada ligava Ouro Preto
(na época, Vila Rico do Ouro Preto), em Minas Gerais ao Porto de Paraty, no Rio
de Janeiro. O caminho era usado para transportar o ouro e demais carregamentos
da cidade mineira até o porto e, ao longo do caminho, foram sendo fundadas
vilas e diversos pontos de parada para os tropeiros, bandeirantes, mineradores
e outros viajantes que faziam o percurso da Estrada Real. Na época, seu
percurso levava 60 dias para ser feito devido às dificuldades de percurso na
estrada de terra que atravessa a Serra da Mantiqueira e da distância. Este
caminho estendia-se por localidades como Caeté e Sabará também, recebendo por
isso o nome de “Caminho do Sabarabuçu”.
O caminho escolhido pelo grupo foi o
Caminho dos Diamantes, que segundo o site do Instituto Estrada Real, passou a
ter grande importância a partir de 1729, quando as pedras preciosas de
Diamantina ganharam destaque nas economias brasileira e portuguesa. Além da
história de seus municípios, da cultura latente e da gastronomia típica, o
Caminho dos Diamantes destaca-se pela beleza natural.
Atrativos que somam aventura, natureza,
história e cultura dão o tom das viagens pelo Caminho dos Diamantes da Estrada
Real. O viajante percorre cerca de 395 quilômetros divididos em 18
planilhas na companhia da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço e de suas
paisagens exuberantes.
Para quem percorre o caminho dos
Diamantes no sentido Diamantina – Ouro Preto 178,3 Km serão entre subidas
curtas e longas, sendo uma das mais longas é a do trecho entre Itapanhoacanga a
Santo Antônio do Norte, mas como um todo o nível de exigência física é
menor. Boa parte dos percursos existe poucas opções com áreas sombreadas,
principalmente entre Diamantina a Bom Jesus do Amparo.
Para quem percorre no sentido Ouro Preto
- Diamantina dos 395 km 173,3 Km oscila entre subidas curtas e longas, sendo
uma das mais longas é entre Santo Antônio do Norte a Itapanhoacanga e
Serro a Diamantina, mas como um todo o nível de exigência é maior física é
maior.
Normalmente os viajantes gastam em média
7 dias para percorrer de bicicleta e 20 dias a pé, mas isso varia com o tom que
o turista que dar para a sua viagem. Dos 395 quilômetros 26 % estão
asfaltados(105,9 km), e 0,5 % de trilha(2 km). Os
outros 73,5% é de estrada de terra (289 km).
O primeiro dia de nossa expedição teve
início na manhã de sábado (17/11), quando o proprietário da Primotur, Hélder e
o nosso guia Merlin Carter, que iria nos acompanhar durante os primeiros dias
na aventura pelas terras mineiras nos recepcionara em frente do hotel Gontijo,
onde os geotrilheiros pernoitaram na primeira noite em Belo Horizonte.
Após o
briefing para repasse de todas as informações pertinentes a aventura,
embarcamos no carro de apoio até a cidade de Ouro Preto para uma rápida visita
a uma das cidades mais antigas do Brasil. Durante o percurso, a linda paisagem
do revelo mineiro já mostrava as suas credenciais ao grupo. Além de ser muito
bonita, seria bastante cruel com o grupo, devido a própria altimetria esperada
até a chegada em Diamantina.
Chegando em Ouro Preto, o grupo recebeu mais algumas
explicações sobre a Estrada Real, e, também, pode fazer um city tour pela
cidade dos inconfidentes, respirando a história que exalava das ruas e prédios
históricos do lugar. O que nos chamou a atenção foi a quantidade de igrejas
clássicas na cidade, tendo como principal destaque a Igreja de São Francisco de
Assis. Esta muito famosa graças às obras de Aleijadinho presentes em seu
interior. A Igreja de São Francisco de Assis foi a única visitada pelo grupo,
pois não haveria tempo suficiente para conhecer toda a Ouro Preto. Porém, ainda
houve tempo de conferir algum artesanato na inúmeras lojas das apertadas ruas.
Embarcamos novamente no veículo até chegar ao distrito de Camargos, onde
iniciaríamos a caminhada propriamente dita. Informações sobre o lugar é que em
1711, os irmãos Tomáz Lopes de Camargos, João Lopes de Camargos e Fernando
Lopes de Camargos encontraram um ribeirão aurífero, onde se estabeleceram
originando-se assim o povoado de Camargos.
Ao chegarmos ao local, já se passava
do 12h:00, e era preciso nos alimentar para os 16 Km que tínhamos pela frente
até Santa Rita Durão, passando por Bento Rodrigues. Logo um cheiro tomou contra
dos nossos narizes e acusava que havia uma deliciosa refeição próxima. Seguimos
o cheiro e encontramos um pequeno restaurante onde servia comida caseira. O
estabelecimento fornecia refeições aos empregados da Semp Toshiba, que para a
nossa curiosidade, trabalhavam em enormes projetos de transmissão de energia
elétrica na região. Dona Silvania nos recebeu no restaurante, e como não havia
comida suficiente, logo se prontificou para dar o reforço. Não durou muito para
que o fogão a lenha no meio do alpendre ficasse cheio de comida para matar a
nossa fome. Foi o primeiro contato com a típica comida mineira do interior,
feita com amor e carinho sem a preocupação do financeiro.
Após o almoço,
iniciamos com uma oração a nossa caminhada pelas estradas de barros a frente. A
preocupação era de que o veículo de apoio – um Fiat Doblô – não conseguisse
fazer todo o percurso devido a atoleiros a frente. Pedimos para o Merlin seguir
e nos esperar a cada 3 Km, pois haveria a possibilidade de prestarmos ajuda
caso fosse necessário.
Seguimos o nosso caminho, e logo a primeira igreja
aparece no meio do mato. As suas curvas clássicas contrastavam com o alto do
monte. Com uma conversa aqui e outra acolácom os moradores que encontrávamos
pelo caminho, seguíamos a frente com uma bela paisagem a nossa volta e o canto
dos pássaros. A tranquilidade só era quebrada quando encontrávamos as obras da
Semp Toshiba a nossa frente, com o barulho das máquinas. Entre uma parada e
outra para reabastecimento de água e comer algumas frutas, chegamos a Bento
Rodrigues. Um distrito de Mariana que foi importante centro de mineração do
século XVIII.
Logo na chegada, um dos vários marcos que estão situados ao longo
da Estrada Real, informava que em Bento Rodrigues são produzidos inúmeros doces
mineiros. Era hora de procurar algum para tomar mais um pouco de água e seguir
caminho. Seguindo nossa rota natural, já na saída do distrito encontramos por
indicação uma casa onde era produzido doce de leite. A senhora dona da casa,
que infelizmente não recordo o nome, nos recebeu para uma prova de doces. E é
claro, os geotrilheiros avançaram nessa iguaria mineira. Com um papo bastante
gostoso e um cafezinho, o grupo fez a compra de mais alguns potes que serviriam
para substituir a rapadura nordestina que havia acabado. Nos despedimos do
pessoal e continuamos o nosso caminho. Ao sairmos de Bento Rodrigues uma série
de subidas íngremes se destacavam a nossa frente. Porém, uma bica natural
parecia ter sido colocada naquele lugar de forma estratégica para o nosso
refresco. Tirado o suor do rosto, encaramos um caminho sinuoso em meio a serra,
onde apenas as carros 4X4 das empresas ligadas ao setor de mineração passavam.
A paisagem ficava cada vez mais bela ao entardecer e as nuvens que envolviam as
serras em nossa frente, ameaçavam um pancada de chuva momentânea.
Por volta das
17h:30 chegamos finalmente a Santa Rita Durão. Um pequeno povoado que nasceu
com um dos maiores grupos de prospecção que invadiram o sertão mineiro no
começo do século XVIII. A localidade teve primitivamente o nome de
“Inficionado”, palavra que é uma variante de “Infeccionado”. Essa antiga
denominação lhe foi dada pelos paulistas, no começo do século XVIII, por volta
de 1702 e 1703, diante da circunstância de encontrarem pouco ouro e de baixo
teor nas águas do curso d’água local. Neste momento, embarcamos novamente na
van e seguimos com o pôr do sol que chegava até Morro d’Água Quente, já na
região administrativa de Catas Altas.
O distrito situado aos pés da serra do
Caraça, que possui grande presença a empresa Vale, que explora a atividade de
mineração nas proximidades. Em Morro d’Água Quente ainda nos reservava mais uma
caminhada de 6 Km antes de chegarmos a Catas Altas, que até foi iniciada, mas
devido a falta de luz natural, o grupo achou por bem abortar a caminhada e
seguir de van até Catas Altas, onde seria o lugar de pernoite do primeiro dia
de caminhada na estrada real.
Chegando em Catas Altas, não imaginávamos que o
lugar possui um conjunto arquitetônico muito rico e de grande harmonia, sendo
um dos mais homogêneos e representativos da arquitetura colonial mineira. A
imensa Serra do Caraça era o seu plano de fundo. Porém, só poderíamos apreciar
todo o conjunto pela manhã. O que mais interessava no momento era chegarmos a
pousada para descansar após o dia de estreia na Estrada Real.
Finalmente chegamos na
Pousada Catas das Gerais que logo nos chamou a atenção pelo prédio histórico na
qual é situada. No seu interior mais belezas com a decoração inspirada em
antigos objetos da cultura mineira. Com a alegria do casal Efigênia e Romero,
proprietários da pousada, o grupo se sentiu em casa. O jantar contou com uma
macarronada e um caldo de linguiça que recompôs as energias perdidas na
caminhada. Com uma boa prosa enter o grupo e o casal anfitrião, encerramos o
primeiro dia da Expedição Geotrilhas/RN na Estrada Real, mas já com o
pensamento em Cocais. Trecho que será percorrido no dia seguinte.
Raio-X
Nível de Dificuldade – Grande
Localização da Trilha – Boa
Disponibilidade de Socorro Médico – Boa
Apoio Logístico – Ótimo
Recomendações necessárias para trilhar
- Usar roupas leves, confortáveis e
fechadas;
- Utilizar bastante protetor solar;
- Levar cantil com bastante água;
- Utilizar chapéu ou boné para se
proteger do sol;
- Não escrever, desenhar ou danificar as
árvores;
- Guadar seu lixo e obedecer às
instruções do condutor.
Onde Comer
Restaurante da Silvania
Fone: (31) 8506-1592
Onde Ficar
Pousada Catas das Gerais
Fone: (31) 3832-7292
Contatos para realização de trilha
Magrelas’s
Fone: (31) 8422-4425
Primotur
Fone: (31) 3213-9839
Trilhando Minas
Fone: (31) 9811-2855
Realização
Nenhum comentário:
Postar um comentário