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sexta-feira, 25 de maio de 2012

AMBIENTALISTAS CONSIDERAM INSUFICIENTE VETO A 12 ARTIGOS DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL


Por Bruno Calixto – Revista Época

O veto de 12 artigos do Código Florestal, divulgado nesta sexta-feira (25) por ministros do governo, foi considerado insuficiente por ambientalistas. A avaliação inicial é que o anúncio não permite fazer uma análise consistente do que foi vetado e modificado pela presidente Dilma Rousseff, já que o governo só vai divulgar o texto com os artigos vetados na segunda-feira. "O Brasil vai dormir esta noite sem saber o que diz o novo código", diz Márcio Astrini, do Greenpeace.

Dilma vetou parcialmente o texto do Código Florestal aprovado na Câmara. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Dilma vetou 12 artigos e fez 32 modificações no texto. O veto será publicado no Diário Oficial da União na segunda-feira, e o governo vai editar uma Medida Provisória para completar as lacunas deixadas e resgatar trechos do código votados no Senado.

Para Astrini, mesmo sem saber o teor do texto, já é possível dizer que o novo código terá retrocessos. "A única coisa que podemos dizer com certeza após o anúncio é que a presidente não escutou a voz da população, de seus eleitores, que pediam o veto total. O veto parcial é uma derrota para as florestas".

Na avaliação de Tasso Azevedo, consultor de meio ambiente e ex-diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro, apesar de os ministros dizerem que não há anistia, as propostas anunciadas mostram o contrário. As mudanças apresentadas sugerem que texto permite converter multas caso o proprietário inicie o processo de regularização pelo Cadastro Ambiental Rural (CAR). "A legislação atual diz que quem desmatou ilegalmente tem que recuperar a mata e pagar a multa. Agora, o proprietário pode só recuperar". 

Para Azevedo, o veto de Dilma é menos danoso para a proteção ambiental do que o texto aprovado na Câmara, mas em comparação com o código que está em vigor, é um retrocesso. "O governo fez uma espécie de controle de dano, e escolheu um código em que há um retrocesso menor", disse. Essa também foi a análise da ONG Amigos da Terra. Em nota divulgada nesta tarde, o diretor Roberto Smeraldi disse que as medidas "parecem só focar em evitar o pior".

Os ambientalistas também mostraram preocupação com a forma que o governo escolheu para conduzir o novo texto, vetando parte dos artigos e apresentando uma nova MP para ser analisada no Congresso. Essa decisão criaria insegurança jurídica até a MP ser aprovada, e o governo corre o risco de os deputados rejeitarem as alterações da Medida Provisória. No entanto, para o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, o governo não deve ter dificuldade para aprovar a medida no Congresso.

A reportagem entrou em contato com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para saber o ponto de vista dos agricultores quanto ao veto do Código Florestal. A equipe de comunicação da CNA disse que vai se manifestar após a publicação do texto completo na segunda-feira.

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