Quando o assunto é sustentabilidade,
China e Índia sempre foram parte do problema. A boa nova é que, aos poucos,
estão virando solução
Por Michael Spence
Liderada pela Ásia, a participação dos mercados emergentes na economia
global cresceu consistentemente nas últimas décadas. Para os países asiáticos -
em especial seus gigantes em ascensão, China e Índia -, o crescimento
sustentável já não é apenas uma questão distante, o desafio global de cuidar do
meio ambiente. Tornou-se algo estratégico para a manutenção do crescimento
nacional. Isso assinala uma mudança radical na estrutura global dos incentivos
para alcançar a sustentabilidade.
Nas próximas décadas, quase todo o crescimento mundial em energia, consumo, urbanização, uso de automóveis, viagens de avião e emissões de carbono virá de economias emergentes. Em meados do século, o número de pessoas vivendo no que serão então economias de alta renda crescerá do 1 bilhão atual para 4,5 bilhões. O produto interno bruto global, atualmente de cerca de 60 trilhões de dólares, pelo menos triplicará nos próximos 30 anos. Se as economias emergentes tentarem alcançar os níveis de renda de países avançados seguindo, aproximadamente, o mesmo padrão de seus antecessores, o impacto nos recursos naturais e no meio ambiente será enorme, arriscado e, possivelmente, desastroso. Um ou vários pontos críticos provavelmente causarão uma parada brusca no processo econômico e social. Segurança e custo da energia, qualidade do ar e da água, clima, ecossistemas terrestres e oceânicos, segurança alimentar e muito mais estariam ameaçados.
Por enquanto, quase todos os indicadores mostram uma tendência declinante em termos de concentração do poder econômico global. Mantendo-se essa tendência, o desafio da sustentabilidade se tornaria cada vez maior. Com mais países pressionando os recursos naturais, haveria um estímulo para que cada um esperasse os outros agirem para tirar de si a necessidade de se mexer. É um problema clássico na teoria dos jogos, batizado de "carona" - já que cada um tentaria "pegar carona" na solução ambiental jogando os custos para os outros. Nesse caso, seriam necessários complexos entendimentos globais que impusessem cobranças de acordo com as taxas de crescimento de cada país. A tendência à concentração se inverterá dentro de uma década em razão do tamanho e das taxas de crescimento de Índia e China, que juntas abrigam quase 40% da população mundial. Embora seu PIB combinado ainda seja uma parcela relativamente pequena da produção global (em torno de 15%), essa participação está crescendo de maneira acelerada. Até meados do século, os dois países terão 2,5 bilhões dos 3,5 bilhões de pessoas que serão adicionadas à parcela de habitantes do planeta com renda alta. Só esse fato fará o PIB global ao menos dobrar nas próximas três décadas, mesmo na ausência de crescimento em qualquer outro país.
EM BUSCA DE UM NOVO RUMO
A boa nova é que a sustentabilidade virou questão-chave para o crescimento de longo prazo de Índia e China. Seus padrões e estratégias de crescimento, e as escolhas que elas fizerem no que diz respeito a estilo de vida, urbanização, transporte, meio ambiente e eficiência energética, determinarão, em grande medida, se as duas economias poderão completar a longa transição para níveis de renda avançados. Chineses e indianos sabem disso. Há uma consciência crescente entre dirigentes políticos, empresários e cidadãos nos dois países (e na Ásia de maneira mais ampla) de que os caminhos de crescimento histórico que seus antecessores seguiram simplesmente não funcionarão - e de que a rota antiga não servirá para uma economia mundial com o triplo do tamanho atual.
Nas próximas décadas, quase todo o crescimento mundial em energia, consumo, urbanização, uso de automóveis, viagens de avião e emissões de carbono virá de economias emergentes. Em meados do século, o número de pessoas vivendo no que serão então economias de alta renda crescerá do 1 bilhão atual para 4,5 bilhões. O produto interno bruto global, atualmente de cerca de 60 trilhões de dólares, pelo menos triplicará nos próximos 30 anos. Se as economias emergentes tentarem alcançar os níveis de renda de países avançados seguindo, aproximadamente, o mesmo padrão de seus antecessores, o impacto nos recursos naturais e no meio ambiente será enorme, arriscado e, possivelmente, desastroso. Um ou vários pontos críticos provavelmente causarão uma parada brusca no processo econômico e social. Segurança e custo da energia, qualidade do ar e da água, clima, ecossistemas terrestres e oceânicos, segurança alimentar e muito mais estariam ameaçados.
Por enquanto, quase todos os indicadores mostram uma tendência declinante em termos de concentração do poder econômico global. Mantendo-se essa tendência, o desafio da sustentabilidade se tornaria cada vez maior. Com mais países pressionando os recursos naturais, haveria um estímulo para que cada um esperasse os outros agirem para tirar de si a necessidade de se mexer. É um problema clássico na teoria dos jogos, batizado de "carona" - já que cada um tentaria "pegar carona" na solução ambiental jogando os custos para os outros. Nesse caso, seriam necessários complexos entendimentos globais que impusessem cobranças de acordo com as taxas de crescimento de cada país. A tendência à concentração se inverterá dentro de uma década em razão do tamanho e das taxas de crescimento de Índia e China, que juntas abrigam quase 40% da população mundial. Embora seu PIB combinado ainda seja uma parcela relativamente pequena da produção global (em torno de 15%), essa participação está crescendo de maneira acelerada. Até meados do século, os dois países terão 2,5 bilhões dos 3,5 bilhões de pessoas que serão adicionadas à parcela de habitantes do planeta com renda alta. Só esse fato fará o PIB global ao menos dobrar nas próximas três décadas, mesmo na ausência de crescimento em qualquer outro país.
EM BUSCA DE UM NOVO RUMO
A boa nova é que a sustentabilidade virou questão-chave para o crescimento de longo prazo de Índia e China. Seus padrões e estratégias de crescimento, e as escolhas que elas fizerem no que diz respeito a estilo de vida, urbanização, transporte, meio ambiente e eficiência energética, determinarão, em grande medida, se as duas economias poderão completar a longa transição para níveis de renda avançados. Chineses e indianos sabem disso. Há uma consciência crescente entre dirigentes políticos, empresários e cidadãos nos dois países (e na Ásia de maneira mais ampla) de que os caminhos de crescimento histórico que seus antecessores seguiram simplesmente não funcionarão - e de que a rota antiga não servirá para uma economia mundial com o triplo do tamanho atual.
Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/china-india-sustentabilidade-problema-virando-solucao-685040.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário