Por José Eduardo Mendonça
Um novo estudo da Universidade da
Califórnia-Davis fornece uma compreensão mais profunda dos complexos impactos
globais da utilizacão das florestas sobre as emissões de gases estufa.
O estudo, publicado ontem na edição
online da Nature Climate Change, relata que o volume de gases estufa
liberados pela derrubada de uma floresta depende de como as árvores vão ser
usadas, e em qual parte do mundo elas crescem.
Quando as árvores são derrubadas
para criar produtos de madeira sólida, tais como o madeiramento de casas, elas
mantêm seu carbono por décadas. Em contraste, quando a madeira é usada para
bioenergia ou transformada em polpa de celulose, quase todo seu carbono é
liberado na atmosfera.
“Nós descobrimos que, 30 anos
depois da limpeza de uma floresta, entre 0 e 62 por cento do carbono dela pode
permanecer armazenado,” disse o principal autor do estudo, J. Mason Earles,
estudante de doutorado no Instituto de Estudo de Transportes da universidade.
“Modelos anteriores assumiam em geral que o carbono era liberado
imediatamente.”
Os pesquisadores analisaram como
169 países usam a madeira. Aprenderam que florestas temperadas encontradas nos
EUA, Canadá e partes da Europa são derrubadas primariamente para uso em
produtos de madeira sólida, enquanto que as florestas tropicais no hemisfério
sul são mais usadas na produção de energia e papel.
“O carbono armazenado em florestas
fora da Europa, EUA e Canadá, por exemplo, em países tropicais como Brasil e
Indonésia, será quase totalmente perdido depois da derrubada,” afirma o estudo.
Estas descobertas têm implicações
potenciais para os incentivos ao biocombustível. Se os EUA, por exemplo,
decidirem incentivar colheitas de milho para etanol, outras menos lucrativas,
como a soja, podem se mover para outros países. E estes países podem por isso
ter de derrubar florestas. Onde estes países estão localizados e como a madeira
de suas florestas irão ser usadas determinarão quanto de carbono será liberado
na atmosfera.
Earles disse que o estudo fornece
novas informações que podem ajudar os modelos de avaliação do Painel
Intergovernamental Sobre a Mudança do Clima da ONU, informa o Physorg.
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