Um estudo australiano sobre a
salinidade dos oceanos nos últimos 50 anos apontou uma "marca" que
atesta que as mudanças climáticas têm acelerado o ciclo hidrológico, anunciou
nesta sexta-feira um dos cientistas envolvidos na pesquisa. O estudo, publicado
na revista Science e realizado por pesquisadores australianos e americanos,
analisou dados oceânicos de 1950 a 2000 e descobriu que os níveis de salinidade
nos mares do mundo têm mudado com o passar do tempo.
A co-autora da pesquisa, Susan
Wijffels, afirmou que os números são reveladores porque a salinidade era
indicativa de mudanças no ciclo de chuva e evaporação. "O que os
resultados estão dizendo é que nós temos uma marca oceânica, uma marca muito
clara de que o ciclo hidrológico da Terra já está mudando", afirmou.
"O que vimos nas observações
de como o campo de salinidade já mudou ao longo de 50 anos é que nosso ciclo
hidrológico se intensificou significativamente", acrescentou.
Wijffels afirmou que o padrão se
intensificou com o passar do tempo e que é possível deduzir que a mesma
dinâmica também esteja ocorrendo em terra. "O que isto realmente quer
dizer é que a atmosfera pode realmente transportar mais água das áreas que
estão secando para as áreas que têm grande ocorrência de chuvas mais
rapidamente", acrescentou. "E isto significa, essencialmente, que as
áreas úmidas ficarão mais úmidas e que as áreas secas ficarão mais secas",
emendou.
Wijffels explicou que ter uma ideia
clara do que ocorreu historicamente com as chuvas foi frustrante porque havia
poucos dados de qualidade disponíveis e a maior parte deles foi coletada em
terra, particularmente no hemisfério norte. "No entanto, a maior parte da
superfície terrestre é de oceanos e a maior parte da evaporação que move nosso
ciclo hidrológico acontece no oceano", afirmou Wijffels, o que faz dos
oceanos um objeto meritório de estudo sobre as mudanças climáticas.
Cientistas do CSIRO, entidade de
pesquisa e ciência do governo australiano, e do Laboratório Nacional Lawrence
Livermore, na Califórnia, usaram dados de embarcações nos oceanos do mundo e
modelos climáticos para produzir seu relatório.
Segundo Wijffels, eles revelaram um
padrão repetitivo de mudança, que se acredita ser resultante das mudanças
climáticas. "E nós vemos isto no Atlântico norte, no Atlântico sul, no
Pacífico sul, no (oceano) Índico; tem se repetido em cada bacia oceânica
de forma independente", disse.
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